segunda-feira, 29 de abril de 2024

ESCARAMUÇAS NOS PRIMEIROS TEMPOS ENTRE MIGRANTES ITALIANOS E LUSO BRASILEIROS EM CIRÍACO

 

Meu pai Cornélio Seganfredo, jovem.



Coisas do pai Cornélio Seganfredo

Foi assim:
Hoje fui até Ciriaco e me informaram que havia falecido um morador muito antigo daqui, Calimero Mazzetto, penso que passado dos 80 anos.
Embora o sobrenome seja da onomastica italiana estes Mazzetto eram descendentes de imigrantes italianos que se radicaram nos campos gaúchos, trabalhavam com gado, casaram com mulheres do campo e não das colônias , por isso os costumes deles eram tipicamente herança dos luso brasileiros.
Chegaram em Ciriaco antes dos migrantes da antiga Colonia,como meu pai.
Estes Mazzetto faziam parte de uma grande família, montavam belos cavalos e andavam sempre armados.
Não que fossem perigosos,mas quando andavam juntos costumavam fazer "bravatas" para se divertir, mas que nem sempre eram de bom gosto...
Então.
Meu pai Cornélio também andava a cavalo mas desarmado.
Voltando no começo da noitinha de Ciriaco passou por esse grupo de "irmãos Mazzetto" que resolveram "dar um susto nele "
Meio tragueados que estavam , um deles, justamente o Calimero , avisou",RAPAIZ CORRE SENÃO EU TE ATIRO!
Meu pai ciente que estava do perigo_por estarem todos eles juntos _ deu de rédeas e apressou o cavalo zaino em uma corrida o mais que pode!
Um grito e um tiro!
Meu pai perdeu o chapéu na estrada!
Chegou , largou o cavalo, pegou a espingarda e foi "fazer uma espera" na estrada onde possivelmente o grupo iria passar.
Eles desconfiaram e mudaram o caminho de casa .
Noutro dia bem cedo apareceu o Calimero aqui em casa.Veio devolver o chapéu e pedir desculpas.
Pai dele que mandou.
Meu pai falou"_lhe desculpo ,mas que não se repita!
Apertaram as mãos .
Nunca mais aconteceu e até apareciam para beber vinho.
Eu, criança que era, mal me lembrava do fato, mas quando contava o causo eu dizia"_ meu pai tinha um chapéu de feltro com um furo de bala bem na ponta!"
O que não era confirmado por meu irmão Aidir Martin_ do que se deduzia que o furo era fruto da minha imaginação.
Mas até hoje eu teimo_meu pai tinha um chapéu de feltro com um furo de bala na ponta!"
Bem, vá com Deus, seu Calimero Mazzetto!,Amigo de meu pai, pessoa do bem, que faz parte dos primeiros moradores dessa região de Ciriaco.
Mais uma história que chega ao seu fim.









Ciríaco nos primórdios



Martin, contador de causos
Eu , fã dos causos do Martin


sexta-feira, 12 de abril de 2024

MINHA MÃE E SUAS AMIGAS BRASILEIRAS

 Minha mãe e suas amigas " brasileiras.

. Tempos passados quem era descendente de imigrante europeu era denominado assim " italiana.o alemã.ão..na verdade quase todos já eram brasileiros.
Minha mãe era filha de imigrantes italianos mas ela e seus irmãos e irmãs eram todos brasileiros.
Em 1923 meu avô materno Celeste Ferri, italiano, saiu com toda família de Nova Bassano para ir morar em Ciríaco onde ainda havia terra de cultivo à venda. Ali os primeiros povoadores eram de origem lusa e havia também algumas famílias de caboclos por ali e também criadores de gado que desde 1850 chegaram nessa região ainda pertencente a Passo Fundo.
Se instalaram ali,começaram cultivar a terra .Ainda nesta época havia no Rio Grande do Sul disputas políticas e quando o clima esquentava de um e de outro lado formavam corpos provisórios com o objetivo de disputar o poder.Nestes períodos um dos colonos ficava observando o movimento e ao ver um piquete chegando dava um sinal e os rapazes filhos de imigrantes se escondiam no mato para não serem agregados aos grupos.
Independente da instabilidade política como minha mãe chegou a Ciríaco com quatro anos começou a conviver com as meninas "brasileiras".Os descendentes de italianos não se metiam nas disputas políticas porque nem entendiam o objetivo destes grupos e isto facilitou a convivência.
Minha mãe aprendeu falar o português quase perfeito com algumas erros porém, normal para quem até chegar nessa nova terra só falava talian.
Algumas amigas de minha mãe eu conheci.As mais próximas eram as ",Vieira" filhas de Otávio Vieira, que era uma autoridade no lugar.
Não havia polícia nem civil nem militar ali.
Brincando as meninas batizaram as bonecas por isso eram comadres, mesmo depois de adultas.
As Vieira se tornaram donas de casa ou professoras.
Minha mãe sempre foi agricultora.
Era uma troca de conhecimento.
Meu pai tinha um grande parreiral.Na época da vindima era bem apropriada para elas visitarem minha mãe.
Ficavam horas falando de suas famílias, do tempo que brincavam de casinha, o assunto sempre lembrado era o motivo pelo qual eram comadres: o batismo das bonecas.
De uma e de outra parte havia algum erro de linguagem.Minha tia Argene para elas era Eugenia.
Argene não era nome conhecido.Minha mãe falava " acarece" ao invés de " carece" , meu pai falava " unze" ao invés de " onze" .
Contou o Martin que meu pai foi comprar semente de soja.Quantos sacos? Respondeu " unze"
Aquela época ainda o soja não tinha mercado, plantava_ se para alimentar o gado.Veio um saco só...depois teve de ir corrigir o pedido....
O tempo foi passando.
Minha mãe faleceu bem antes das amigas.
A despedida foi muito comovente.
Um domingo uma das amigas de mamãe que era professora, já idosa, veio passar o domingo conosco aqui em Passo Fundo.
Contou_ nos nesse dia toda a vida dela.O sacrifício que fez para tornar-se professora. Foi a última visita dela.Logo depois faleceu. Fomos eu e minha irmã nos despedirmos dela.
Pouco antes de sair o cortejo fúnebre uma sobrinha leu a carta de despedida que ela mesma havia escrito.A dona Eponina Vieira.A " Mosa" de Formosa!
Minha mãe me deixou esse legado.A verdadeira amizade não é exigente, não é orgulhosa, não guarda rancor no coração. A verdadeira amizade é feita de vida e de amor.







terça-feira, 9 de abril de 2024

A CIMBRA

 Depois que tivemos conhecimento que "Seganfredo" é um sobrenome de origem cimbra , povo que saiu da Bavária e foi morar nas Sete Comunas de Vicenza fiquei um tanto surpresa mas também encantada buscando dentre meus familiares alguém com características deste povo e surpresa! Os olhos pequenos e azuis de Lorena, o gênio determinado e indomável....é ela...pensei...só ela...tem as características daquele povo guerreiro.

Ela vai á frente de qualquer empreendimento familiar, bem tribal cuida de todos nós.
Mas ter uma cimbra em casa as vezes não é fácil.
Levanta cedo, bota roupa pra lavar ANTES DO CAFÉ da manhã...aí que tortura ...eu que sou a " tia Marieta" da família...devagar, porque já tive pressa...
Aí faz pouco , as tarefas excessivas resultaram em um tendão do biceps do braço direito rompido.
Cirurgia.
Tudo certo.
Pensei" agora não vou mais ouvir tanquinho bater roupa antes do café ....
Aí ...aí...já no primeiro dia com a nossa cimbra em repouso cuidada pela Alvanir nossa irmã descobri que tinha muitas tarefas ao meu encargo agora...
Infelizmente...já estou correndo entre o tanquinho e o café da manhã...
E as compras?.O que falta em casa hoje?
Estou vendo roupas já lavadas esperando para ser dobradas e guardadas...
O remédio do Mustafá?
Tem ração?
Ir ao Banco?
Cozinha?
Contando os dias para a nossa cimbra voltar à ativa....
Aí aí...que bom ter uma cimbra na família.
É essa aí da foto à minha direita!

segunda-feira, 8 de abril de 2024

DIAS DE CHUVA

 Os dias de chuva me trazem à lembrança boas recordações

Como morávamos na roça somente iamos de manhã tirar leite das vacas, depois o dia se dividia entre a cozinha e a receber visitas dos vizinhos, principalmente tios e primos.
Não raro vinha também meu tio Achylles Seganfredo, ele era uma figura imponente, sempre com um largo sorriso.
Nossos primos da descendência do tio José Seganfredo também vinham,
A chuva era como um dia de folga, um feriado, só não tinha reza,
Contando causos e rindo, se fosse inverno a gente botava pinhão para assar na chapa do fogão a lenha,
Conversar e rir... que coisas simples e boas, que hoje não se costuma mais fazer.
Os dias de chuva são feitos agora de solidão! 

A SALA DE ESTAR

 Quando meu pai resolveu fazer uma casa nova de madeira de araucária eu tinha seis anos de idade.

Um.senhor já conhecido da família, carpinteiro, chamado José Dal Pra , também havia migrado de Nova Bassano para Ciríaco.
Era prático em construir casas de madeira , bem espaçosas foi o que capitaneou a construção.
Meu pai e meus primos filhos do tio José Seganfredo também ajudaram e assim a casa nova ficou pronta em poucos meses.
Antes morávamos em uma casa antiga, menor, sem pintura ali a poucos metros dessa.
A casa nova tinha 4 quartos , uma cozinha enorme e duas salas grandes.
Esta próxima à cozinha era bem espaçosa. A outra sala servia para guardar mantimentos como sacos de farinha de trigo , milho e arroz.
Naquela época, década de 1950 a nossa família produzia todos os alimentos necessários para um ano, os grãos, e vendíamos o excedente para o próprio dono dos moinhos.
A agricultura era rudimentar até os anos 70, quando começou a mecanização da lavoura e também um tímido começo de industrialização, como tecidos, sapatos e outros bens de consumo.
A gente ia no comércio da dona Amélia e do sr.Joaquim Ribeiro Neto levava duas galinhas e trocava por açúcar ou sal.Querozene para os lampeões também.
Tinha também o comércio do Bordin e do Campana, mas ali tinha menos produtos.
Dona Amélia era faceira, sorridente, atendia o armazém.O sr.Joaquim Ribeiro Neto era descendente da família Ribeiro, tinham muitas terras de Campo e Mato. Criavam gado.Ele, especificamente explorava dois pinhais grandes, tinha serraria, ali pertinho de onde é agora Muliterno.
Esses fazendeiros eram influentes na política, mas os Ribeiro e os Vieira eram inimigos políticos. Assim era o Rio Grande do Sul na época.
Ao longo dos anos a casa foi sendo mobiliada e pintada por dentro e por fora.Foram colocadas janelas de vidro produzidas pela família Oro.
Na cozinha a gente ficava no inverno, nos dias de chuva, comendo pinhão, tomando mate e recebendo os primos e tios.
Nos dias de chuva a gente não ia trabalhar na roça, só tirava o leite das vacas e ficava dentro de casa.Era como um dia de feriado.
Na sala de estar ficava o rádio de pilhas onde ouvíamos novelas, música e as notícias, inclusive as políticas.
Acompanhamos pelo rádio a Campanha da Legalidade, capitaneada por Leonel de Moura Brizola e também a primeira ida do Homem à lua.
Leonel Brizola era então governador do Rio Grande do Sul e fazia discursos acalorados.Ao fundo ouvíamos uma multidão gritando " paredon, paredon!
Bem, digamos que ele conseguiu adiar o golpe militar de 1964.
A sala de estar era aconchegante e bonita.Meu pai também reunia os vizinhos e parentes para jogar quatrilho.

A Gema Seganfredo trazia as filhas para meus pais ver.Eles eram muito próximos dessa família, a Gema e o Armelindo Alievi.
O tio Achylles e tia Hermelinda.Elvira e José Seganfredo.Elvira era era uma das irmãs maiores de minha mãe e era sua conselheira.
Tinha também o Carlos Marssaro e a Erminia Didoné.
Vinham fazer filó , mais no tempo da vindima, tomar vinho doce...
Além da mesa de jantar tinha o rádio e o nicho de Nossa Senhora de Fátima, onde todas as noites os pais nos reuniam para rezar o terço.
Na sala de estar meu pai recebia os vizinhos, homens criadores de gado, fazendeiros que vinham beber vinho e comprar uva.Minha mãe também recebia as mulheres do campo que vinham comer e comprar uvas.Ana Maria Ribeiro Dihel e sua afilhada chamada Neneca.Vinham todos montados em belos cavalos.
Na sala de estar passamos bons e maus momentos.
Ali também foram veladas minha avó Catterina e minha mãe.
Ali minha irmã Ely sentava para receber o namorado.
Era especial a sala de estar.
Por muitos anos recebemos nossos primos pois a medida que o tempo foi passando também nós e alguns primos nos transferimos para outras cidades.
Nossa prima Ires com o Taceli e os filhos vinham nos visitar e era uma alegria.
Mas como tudo passa agora a sala de estar existe só na minha memória, mas é inspiradora...
Ah...esqueci de contar...
Disseram minha mãe e meu pai que no dia de Todos os Santos, véspera de finados ouviram alguns passos na sala...era o passo do meu falecido avô Celeste Ferri, identificado pelo jeito de caminhar arrastando os pés...
Outro dia lembrarei mais coisas para contar.
Assim passei uma parte de minha vida.

POR DO SOL

 O POR DO SOL

Sul do Brasil.
Estou eu agora morando em uma cidade de pouco mais de 200 mil habitantes. A casa é confortável. Chegou o Outono. No outono o sol se põe logo depois das 17 horas. Vou contando os dias em que vai chegar o inverno frio.....No sul do Brasil os invernos são frios, às vezes sopra um vento forte, cortante, passa assoviando, cortando a carne, os ossos do vivente que caminha na rua.
Não sei por que, mas os invernos sempre me remetem para o passado, quer seja o passado mais recente ou o mais remoto em que nós sentávamos ao redor da nonna Catterina e ouvíamos “ as histórias da Itália”. Nos meus seis anos de idade Itália era um lugar imaginário onde ela dizia ter nascido.Entre Ciríaco e a Itália havia o mar...o mar que eu ainda não conhecera . Mas como chegara ali , se estava ali conosco, com a nossa família no Rio Grande do Sul, mais precisamente em Ciríaco? Enquanto ela contava nós íamos entrando em uma espécie de transe, as vilas, as pessoas, o navio, o mar, os tios avós os bisavós iam se formando na nossa imaginação, e, talvez por causa do sangue que corria nas nossas veias, os personagens iam tomando forma e se sentavam ali conosco. Volta e meia um deles tomava o lugar de Catterina, vestida com seus trajes de camponesa italiana e iam eles mesmos contando suas histórias. 




domingo, 7 de abril de 2024

O VENTO

 Poemeu sobre o vento

O vento se apresenta
Com diversas formas de agir
Ora me agrada com uma brisa leve e trás o perfume das rosas
Ora se enfurece e sopra forte
Se cuide de mim...se cuide de mim...
Avisa
Posso ser bom mas também posso ser mau...e sacode os galhos da árvore prá cá e pra lá.. mostrando estar brabo...
Hoje o vento escolheu me dar um susto
Espero que ele se acalme
Mando a ele um pedido de desculpas
Me poupe...me poupe...
O vento até se parece
Com as pessoas...

VIAGEM ASTRAL

 

 
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A CHALEIRA DE FERRO E O PESADÊLO
. Idade Média: Durante a Idade Média, entre os séculos V e XV, as panelas de ferro se tornaram populares na Europa. Eram frequentemente usadas em fogueiras abertas ou suspensas sobre elas. As panelas eram valiosas e passavam de geração em geração
Não sei como foi, mas caí em um sono profundo tão cansada eu estava. Havia voltado do hospital depois de um dia inteiro acompanhando uma pequena cirurgia de minha irmã Lorena, a qual eu chamo de A Cimbra por ter os traços do nosso povo de origem, os Cimbros da Bavária que migraram para o Planalto de Vicenza.
Ela operou um braço, cirurgia simples, mas cirurgia é sempre cirurgia....
De repente, no sonho me vi ao redor de uma fogueira, cozinhando em uma panela de ferro, cujos sustentáculos eram correntes também de ferro.
Eu havia recolhido muita lenha, o fogo aquecia o lugar frio em uma montanha muito linda em que eu vivia com minha familia, pai, mãe e oito irmãos que haviam saído para trabalhar na lavoura.
Uma mulher franzina estava sentada ali no canto, sobre um tronco de árvore, era minha avó.
Minha avó desfiava lã de ovelha para fazer roupas no rústico tear.
Fiquei praticamente a noite inteira dentro do sonho, era bem real...
Cansada de cozinhar e mexer a tal panela de ferro.
Mas a comida era muito boa. Uma sopa de feijão com batatas era o que tínhamos neste dia... Esperava eu que meu pai trouxesse talvez um coelho, então teríamos carne para comer.
Tirada a panela de ferro das correntes peguei uma chaleira, também de ferro e tentei pendurá-la... mas qual...pesava uma tonelada...
Fiquei nesta aflição, tentando levantar a chaleira.... mas qual... era pesada demais para mim...
Ah...então creio que meu subconsciente me trouxe para o tempo presente...Panelas de alumínio, leves, utensílios de cozinha práticos fogões a gás e elétricos... muito bom para uma cozinheira.
Fui acordando... Hora de voltar para o hospital para buscar minha irmã que lá ficou uma noite,
Minha irmã Alva já estava de pé´... Ah... desci as escadas até a cozinha.
-"-Vamos tomar um café? Falou Alva.
Ah... olhei para o fogão!
Lá estava o motivo do pesadelo!
A chaleira de ferro de minha avó Pierina, que tem mais de 100 anos!
Vivi por umas horas na pele de minhas avós que cozinhavam em panelas de ferro penduradas em correntes sobre o fogo... e as chaleiras faziam parte dos utensilios diários utilizados por minhas antepassadas, avós, bisavós, trisavós....
chaleira de ferro da nonna Pierina Cecchin

Pierina Cecchin e Celeste Giovanni Ferri

sábado, 6 de abril de 2024

NOSSO MAIS ILUSTRE ANTEPASSADO

 EM BUSCA DA SEPULTURA

Durante as pesquisas sobre os primórdios da Família Seganfredo no Rio Grande do Sul foi-nos revelado que o nosso antepassado padre scalabriniano Antonio Seganfreddo , o segundo a chegar na missão do RS, Nova Prata não tinha um lugar de sepultura para que pudéssemos visitar.
O motivo: depois de diversos anos em que ficou sepultado na primeira Igreja de alvenaria em Nova Prata foi dali exumado pelo motivo de estarem construindo uma nova igreja no local e como a paróquia não era mais gerida pelos scalabrinianos os restos mortais foram enviados para Nova Bassano, porém algo aconteceu neste meio tempo e não foram mais localizados.
A esperança porém sempre foi uma constante na nossa busca.
Ultimamente surgiu uma pista de que estariam na área da gruta Nossa Senhora de Lourdes em Porto Alegre.
Escrevemos para diversas entidades mas até agora não recebemos respostas.
Só suposições.
Ainda vou lá pessoalmente naquele lugar indicado.
Se não encontrarmos a sepultura é porque ele não quer ser encontrado.
De uma certa forma combina com a humildade dele.
De uma família pobre de Mason Vicentino começou a trabalhar aos 16 anos para prover seu sustento.
Inclusive veio imigrando e trabalhou abrindo estradas na serra gaúcha antes de voltar para a Itália e se tornar missionário.
Voltando ao Rio Grande do Sul trabalhou por 14 anos em Nova Prata e arredores atendendo não só os imigrantes europeus mas também os brasileiros e os povos primitivos do tronco linguístico Jê, os kaingangs, dos quais ainda havia uma parcialidade
por aquelas bandas.
Agora é rezar e esperar.
Se não encontrarmos o lugar de sepultura fica o exemplo.
Um legitimo missionario nascido já Td
L , que agora são tão necessários na América do Sul e no Mundo.
Porque o Mundo continua migrando e a maioria está com os pés descalços e não tem onde recostar a cabeça.


sábado, 9 de março de 2024

o colar de pérolas

 O Colar de Pérolas

Eu e minha tia Marieta
Minha tia Marieta era uma pessoa muito estimada aqui em Passo Fundo. Por ser parteira oficial do Hospital São Vicente de Paulo tinha muitos afilhados. Por 30 anos praticamente os nascidos entre os anos 50 e 70 passaram por ela.
Quando eu era criança a visita anual dela era uma festa. Andávamos de casa em casa com ela, sempre muito elegante.
Era importante para todas as famílias descendentes de Pellegrino e Catterina Seganfredo, imigrantes italianos.
Ela trazia para nós bombons e doces diversos.
Mais tarde vim morar em Passo Fundo para estudar e então passei a visitá-la e também a acompanhei em viagens de visita pelo Paraná e Santa Catarina onde diversos irmãos e irmãs dela tios e tias meus haviam migrado ao longo dos anos.
Cuidando crianças das outras mulheres não teve os seus.
Mas amava crianças e todos os anos me dava pilhas de roupas tricotadas e mantinhas para eu distribuir juntamente com meus colegas para crianças assistidas pela Pastoral da Criança, da qual fui voluntária por diversos anos.
Nos dávamos muito bem, eu, orgulhosamente me denomivana "Madre Teresa", mas ela dizia " tu de Madre Teresa não tem nada"
Eu ria muito e de fato , ser Madre Teresa não é para qualquer um.
Um belo dia ela me deu um presente....eu não dei muita importância, guardei por anos e pouco usava.
Em 2009 minha tia, cujo nome verdadeiro era Itália Libera Seganfredo, adoeceu e morreu. Tinha 88 anos.
Ainda em vida pediu que queria ser sepultada no mesmo túmulo onde estava sua mãe , a nonna Catterina.
Assim foi feito.
Na hora da despedida lá em Ciríaco uma sra chamada Emília levantou e falou que quando ela esteve com uma criança internada com leucemia em Passo Fundo, no HSVP foi ajudada financeira e emocionalmente também por ela, fato que nós desconhecíamos.
Ficamos tristes, mas a morte é a única coisa certa nesta vida.
Eu lembro dela quase todo dia.
Estes dias peguei o colar.
Minha irmã Lorena o levou em uma joalheria para avaliar.
Pérolas japonesas.
Amo este colar.
Por minha vez presenteei minha irmã Lorena com ele.
Obrigada minha tia, teu exemplo ficará sempre comigo.Além de tudo, além da vida e da morte.
Te amarei para sempre.
Moral da história: quando você dá um presente , que seja este o teu coração.







ESCARAMUÇAS NOS PRIMEIROS TEMPOS ENTRE MIGRANTES ITALIANOS E LUSO BRASILEIROS EM CIRÍACO

  Meu pai Cornélio Seganfredo, jovem. Coisas do pai Cornélio Seganfredo Foi assim: Hoje fui até Ciriaco e me informaram que havia falecid...