terça-feira, 15 de agosto de 2023

Alberi Fagundes de Oliveira


Sobre a família de Alberi Fagundes de Oliveira só tenho essa foto no momento. è o sr. à esquerda.
Foi o primeiro prefeito de Ciríaco em 1965, após a emancipação








 

domingo, 13 de agosto de 2023

CORNÉLIO SEGANFREDO E FAMÍLIA

 Escreve  Ana  Maria  Seganfredo:











4-CORNÉLIO SEGANFREDO

-Filho de Pellegrino e Catterina Seganfredo

-Nasceu em 13 de setembro de  1915 em Nova Bassano, na linha  décima, comunidade chamada de São Paulo.

-Casou-se oficialmente  com Luiza   Ferri em 11 de julho de 1942  em  Ciríaco,  RS ,porém o casamento  religioso foi celebrado antes em 11 de novembro de 1941, na Igreja de São José em David Canabarro, naquela época chamado de Sede 35. Isto acontecia porque os cartórios se localizavam  longe da colônia, em Ametista, pertencente a Passo Fundo, como também Ciríaco pertenceu a Passo Fundo até o ano de  1965, quando houve a emancipação.

Ela filha  de Celeste Giovanni Ferri e Pierina  Cecchin Ferri , imigrantes italianos que chegaram com suas famílias da Itália com 12 e 9 anos respectivamente.

-Faleceu   em 3 de abril de 2002 com 86 anos de idade.

-Luiza faleceu em 25 de outubro de 1992 com 73 anos de idade.


    Sétimo filho de Catterina e Pellegrino ,  uma familia de  11 irmãos  nasceu em Nova Bassano onde viveu até se transferir para Ciríaco em 1940 para preparar a terra  e a casa onde pretendia viver com Luiza Ferri.    Quando se transferiu para Ciríaco tinha 25 anos de idade.

   Nascido em Nova Bassano  e sendo a família numerosa trataram logo de providenciar o futuro pois passados 48 anos da chegada dos primeiros imigrantes italianos, dentre os quais seus avós Giuseppe e Carlo Seganfredo, as terras já estavam exauridas e eram poucas para muitas pessoas.

   As cidades da serra gaúcha iam crescendo, as casas eram feitas quase que exclusivamente de madeira e as famílias de Guilherme  Licks e de Carlos e Jacob Ely possuidoras de enormes pinheirais contratavam trabalhadores para fazer as derrubadas e preparar as toras para depois encaminhá-las para beneficiamento nas serrarias.

    Foi ali que Cornélio com apenas 16 anos de idade começou a trabalhar juntamente  com seus irmãos   para ganhar dinheiro suficiente para adquirir terras  em outros lugares onde estavam abrindo novas  áreas de colonização   no  do Rio Grande do Sul.

  Em 1938 já adquiriu uma colônia de terra agricultável em Ciríaco. Também adquiriram terras  seus irmãos José e Acchiles. Terras altas e contínuas, com boas nascentes, sem morros pedregosos como eram as de Nova Bassano, porém era mata fechada, precisando desmatar para depois plantar. Recomeçava o ciclo : derrubar o mato, preparar a terra, plantar, colher, trabalho braçal. A localização da colônia está descrita na escritura como:  “na fazenda dos Ribeiros” pois esta família de luso brasileiros que eram    criadores (de gado)  tinham este  sobrenome  e haviam colocado á venda as terras de mata cujo título de posse obtiveram do governo republicano em 1906.

  Embora a distância de Nova Bassano não fosse muita, cerca de 85 km, as estradas eram precárias e não havia transporte de passageiros com ônibus, as pessoas se deslocavam a cavalo ou com carros de bois e carroças.

     A família de Luiza Ferri havia migrado  de Nova Bassano para Ciríaco no início do povoamento . Os pais dela Celeste Ferri e Pierina  Cecchin  eram imigrantes italianos chegados ao Rio Grande do Sul  com a idade de 12 e 9 anos respectivamente. Inicialmente moravam em Veranópolis onde se conheceram e casaram. Moraram ali por um tempo e depois migraram para Nova Bassano de onde partiram já com os 14 filhos para se estabelecer na colônia em Ciríaco, fazendo parte dos primeiros povoadores deste lugar.

   Quando migraram de Nova Bassano deixaram as filhas maiores , as gêmeas Cezira e Angela Maria, a Angelina  já casadas   e mais Elvira casada com o  irmão mais velho de Cornélio  , José, em Nova Bassano.  As famílias ficaram  sem se ver por anos, até que em 1934 Luiza  completou 15 anos de idade e um dos irmãos Antonio Ferri resolveu levar as duas irmãs mais jovens , Luiza e a caçula Argene para visitar as irmãs. Chegando  na linha décima permaneceram por ali alguns dias, pois se utilizaram de cavalos para ir até lá.  Foi ali passando para visitar as famílias aparentadas que Luiza conheceu Cornélio , rapaz com 19 anos. Luiza viu o rapaz e começaram uma conversa tímida. Ele estava comendo uma fruta, marmelo, e Luiza observou: “- estás comendo?Cornélio: ‘quer?  e ali se apaixonaram . Retornando a Ciríaco Luiza recusou todos os pretendentes, dizendo : “-O meu está lá”- se  referindo a  Cornélio em  Nova Bassano.

E assim ela ficou esperando Cornélio se organizar até a data do casamento.


CORNÉLIO PRESTA O SERVIÇO MILITAR.

      Em 1938 com 23 anos de idade  Cornélio Seganfredo  foi  chamado  para prestar o serviço militar  em São Gabriel , município  situado na campanha  do Rio Grande do Sul, próximo da fronteira com o Uruguai, onde o exército brasileiro mantém quartéis para proteger as fronteiras  . Neste  tempo  o  presidente do Brasil era Getúlio Dornelles Vargas, gaúcho, que governou por 15 anos seguidos no primeiro período e , além do mais se aproximava a segunda guerra mundial e as forças armadas brasileiras começaram a convocar os descendentes de imigrantes, para incorporá-los à Pátria brasileira, pois os mesmos  conviviam  praticamente  ainda entre si, pouco se misturando as  outras etnias ,  quase formando uma comunidade à parte. 

   Com Cornélio  também estavam diversos compatriotas e praticamente não falavam português, falavam o Talian, e no entanto estavam proibidos de falar este  dialeto. Cornélio contava que os comandantes eram muito rígidos e eles, os ítalo-brasileiros que nunca haviam saído das colônias eram intimidados, tanto que na revista às tropas feito pelos comandantes  o medo fazia com que lhe escorressem lágrimas doas olhos, porém tinham que se manter firmes. 

   No entanto  com os países vizinhos reinava um período de paz,  embora tivessem de patrulhar as fronteiras a cavalo.

  • Cornélio e seus compatriotas em poucos dias encontraram um jeito de comunicar-se entre si e se mantinham unidos, longe das vistas dos comandantes. Contou que de tempos em tempos saiam com a cavalaria e percorriam longas distâncias, patrulhando as fronteiras, acampando nas fazendas. Nas noites frias de inverno combinaram que um deles ao invés de encher o cantil de água o encheria de cachaça, depois ao longo das cavalgadas que duravam dias nas noites de frio no pampa gaúcho o tal cantil era passado sutilmente de mão em mão e assim se aqueciam. O bom da história é que nunca foram descobertos pelos comandantes , que, se descobertos  poderia lhes valer uns bons dias de cadeia!

  A baixa do serviço militar se deu em 29 de abril de 1939 e retornou a Nova Bassano, onde permaneceu até 1940 quando se mudou para Ciríaco. Contava que ao vir para Ciríaco possuía somente a terra que havia comprado, vizinho ao seu irmão José ( Bepi) e um cavalo. Em Nova Bassano já não havia expectativas para ele, decidiu imediatamente o rumo que iria tomar: ao encontro de sua amada Luiza!

  Precisando de algum  dinheiro para começar a vida tomou emprestado  do seu avô Carlo. Rumou para Ciríaco onde foi acolhido por seu irmão José e a cunhada Elvira Ferri que o ajudaram junto com os filhos mais velhos a derrubar uma parte do mato e fazer a primeira plantação. Colheu tanto milho que pode devolver ao avô Carlo já na primeira colheita o  dinheiro que este lhe havia emprestado.

    Na terra que havia comprado já tinha uma casa em madeira, sem pintura, coberta de taboinhas, que os filhos a denominavam de ‘a casa velha”, porém era habitável, tinha uma nascente pertinho, a água era sempre fundamental perto da casa. Depois de alguns anos construíram com madeira de pinho uma casa nova que é habitada até o tempo presente.

    Depois do casamento Cornélio e Luiza foram morar nesta” casa velha”  onde nasceram todos os sete filhos: Aidir(o Martin), Ely, Alvanir, Lorena , Ana Maria e Ary José, gêmeos  e Elbio, o caçula. Também criaram uma menina luso brasileira Ivalda Teresinha, que chegou à familia com a idade de 9 anos.

   No entanto com a eclosão  da segunda guerra mundial  estabeleceu-se entre os luso brasileiros e os descendentes de imigrantes e imigrantes italianos  em Ciríaco  um clima de desconfiança Os lusos brasileiros começaram  a vigiar as casas  disfarçadamente para ouvir se a proibição de falar o Talian estava sendo cumprida. Houve até algumas prisões e alguns dos imigrantes foram trazidos a Passo Fundo para prestar depoimento.  Outro episódio  que deixou Luiza apreensiva foi a convocação para que Cornélio Seganfredo se apresentasse em Passo Fundo, perante o representante das forças armadas.  Poderia acontecer que ele fosse enviado ao Rio de Janeiro para treinamento e depois para combater na Itália. Combater aqueles que considerava “da sua gente”. Felizmente voltou para casa e em poucos meses a guerra terminou.   A vida foi seguindo.

     Gostava de caçar e de pescar, pois se criara perto do rio Carreiro em Nova Bassano. Em Ciríaco não existem grandes rios, mas o bom e belo São Domingos nos dava muito peixe, nos criamos comendo peixe de rio! Luiza tinha medo , pois muitas vezes ele ia sozinho, não raras vezes ela quebrava as varas de pescar! Ficava entre o trágico e o cômico esta atitude, mas isto demostrava o afeto que ela devotava a Cornélio.

    Jogava mora e bochas, e quando recém casado participava do time de futebol da vila.        Nas festas de Igreja  antes de  ser construído um salão paroquial ajudava com três dias de antecedência preparar a festa da padroeira Santa Teresinha.  Faziam tudo aos moldes dos primórdios de Nova Bassano: para abrigar os fiéis no dia da  Padroeira  nos quentes dias de outubro   faziam uma cobertura com taquaras.  Ao longo do dia , depois da missa cantavam, jogavam bocha, baralho, mora....ajudava também a assar o churrasco.      


TRANSCURSO DA VIDA FAMILIAR

   A característica principal era o acolhimento e a solidariedade que aprenderam convivendo nas colônias onde havia o mútuo socorro. Era uma necessidade de sobrevivência.

   Acolheu os sogros já idosos que permaneceram com eles  até a morte. Depois acolheu sua mãe, a Catterina. Catterina e Pellegrino e todos os filhos migraram de Nova Bassano para outras regiões do Rio Grande do Sul, outros para Santa Catarina e Paraná, nenhum permaneceu em Nova Bassano.

 Quando enviuvou Catterina manifestou o desejo de sair da casa do filho Hermenegildo que migrara para a região norte do Rio Grande do Sul, um lugar chamado São João da Urtiga, pertencente a Sananduva, e foi também acolhida ficando com o filho e a familia 

até  o falecimento em 1965.

    Recebiam visitas de sobrinhos e parentes que vinham visitá-los de outros Estados e cidades. Nos finais de semana a casa estava sempre cheia  de parentes tanto da parte dos Seganfredo quanto dos Ferri.


Vem-me à memória o grande parreiral que plantaram . quando a uva amadurecia os habitantes do campo, geralmente luso brasileiros que eram criadores apareciam montando lindos cavalos. Vinham comer uva, que era oferecida à vontade e também beber vinho, contavam causos. Cornélio recebia os visitantes, se eram homens, se eram mulheres Luiza as recebia e ali ficavam praticamente uma tarde em companhia.

    A época da vindima era de festa. Reuniam-se as famílias aparentadas, a de José Seganfredo, Ermelindo Alievi, casado com Gema Seganfredo, filha de José, a familia de Acchiles e começavam parreiral por parreiral , colhiam a uva, fabricavam ao mesmo tempo o vinho com métodos artesanais,  que depois  era  armazenado em três grande pipas de madeira de cedro. Durava mais de um ano.  Era o mês de festa e visitas , fazer filó e tomar vinho doce. Como as casas tinham uma distância mais ou menos de um km, à noite acendia-se uma tocha de fogo que ia iluminando o caminho de ida e  volta.

Para as crianças era um mês de aventuras.

  Cornélio e  Luiza e o primeiro filho Aidir, conhecido pelo apelido de  Martin, participaram ativamente da construção da Igreja, do Hospital Santa Terezinha na então  vila de Ciríaco, junto com os outros moradores . Naquele tempo ninguém esperava o governo fazer as construções. Nomeavam uma diretoria e sob o comando de algum prático no assunto faziam os mutirões até que a “obra ‘ ficasse pronta e atendesse as necessidades da comunidade.    



DESTINO DOS FILHOS DE CORNÉLIO E LUIZA


  A vida na colônia era dura e o casal  decidiu que os filhos e filhas poderiam escolher entre permanecer  na colônia ou ir para as cidades estudar e trabalhar. Todas as filhas mulheres foram, umas para cidades vizinhas onde as congregações religiosas geriam  hospitais, se empregavam neles  e ao mesmo tempo que trabalhavam , estudavam , e assim se formaram  Ely e Alvanir  professoras, Lorena  economiária (Lorena esteve até os 20 anos com as irmãs Paulinas em Porto Alegre). Ary José estudou dois anos em um colégio agrícola em Erechim , com 18 anos foi prestar serviço  militar e resolveu se inscrever para permanecer nas forças armadas, obtendo êxito, ficou  um ano e cinco meses no Rio de Janeiro até formar-se Sargento do Exército, voltou para o Rio Grande do Sul,  e depois durante a carreira militar esteve em diversas regiões do Brasil, em Roraima e Manaus, no norte, no Espírito Santo, sudeste e retornou ao Rio Grande do Sul, onde encerrou a carreira como oficial,  estando agora na reserva.

Ana Maria foi para  Passo Fundo, onde se formou em Ciências  na Universidade de Passo Fundo, porém optou pela carreira de comerciária. 

Aidir e Elbio resolveram permanecer  na colônia.  Enfim , agradecemos nosso pai e nossa mãe por terem sido tão democráticos  conosco, deixando que escolhêssemos

nosso caminho, sendo que havia tanto trabalho para fazer na colônia. A partir de 1970 houve a mecanização da lavoura e tudo se tornou mais fácil.

  Todos os filhos enquanto estiveram morando na colônia faziam todos os serviços rotineiros : arar a terra, plantar,colher, tirar leite das vacas, fazer queijo, assar  pães em fornos de barro, cozinhar.

  Os filhos que moravam nas cidades nunca deixaram de passar as férias com os pais, inclusive a filha Ely Cericato que migrara para  Matelândia,   Paraná,  todos os anos vinha com o marido Arlindo, e os filhos passar uma temporada na casa dos pais. 

 Como Luiza faleceu 10 anos antes de  Cornélio, este se sentiu triste,a companhia dela fazia falta, embora os filhos o rodeassem com carinhos.

    O coração enfraqueceu e em 2002 veio a falecer.  Parada respiratória,  atestou o médico.  Enfim foi se encontrar com Luiza em outra dimensão.

    Muito  depois de sua  morte, mais precisamente no ano de 2014 os filhos foram surpreendidos por uma notícia de  que havia uma quantia em dinheiro no Banrisul (Banco) em nome dele!

Esta quantia deveria ser repartida dentre os descendentes! Ficaram todos espantados, ninguém sabia desta conta. Lembrei-me então que pouco antes de sua morte estando eu em casa sozinha com ele falou: gostaria que depois que eu me fosse pudesse dar um tanto...a cada um! Falava com emoção.  Pensei: meu pai está falando de um desejo seu! Só depois percebemos que, por um bom tempo ele economizara este dinheiro para que os filhos pudessem desfrutá-lo depois que ele partiu! Generosidade da parte dele,  velhinho , ainda pensando nos filhos!

  Só temos a agradecer a ele, mesmo nos momentos mais difíceis de nossas  vidas nos encorajava. “è preciso ser forte”!.

Aqui termina o relato deste descendente de imigrantes , que viveu sempre trabalhando, participando da comunidade e, sobretudo acompanhando as noticias do país, fazendo observações. Lia muito. Herança dos Seganfredo!


quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Luis Bilibio e Madalena Caron


 Orides Bilibio

O nome dos filhos da Família de João e Madalena Bilibio são; Pedro, Adelina, José, Candido, Luis, Ermínio, Angelina, Maria, Gerilda, Armelindo, Antônio.


ESCARAMUÇAS NOS PRIMEIROS TEMPOS ENTRE MIGRANTES ITALIANOS E LUSO BRASILEIROS EM CIRÍACO

  Meu pai Cornélio Seganfredo, jovem. Coisas do pai Cornélio Seganfredo Foi assim: Hoje fui até Ciriaco e me informaram que havia falecid...