sexta-feira, 25 de novembro de 2022

PINHÃO-MATOU A FOME DOS PRIMEIROS IMIGRANTES

 Época da safra de pinhão.

Quando eu era criança e morava com a família em Ciriaco um dia muito alegre e divertido era o dia de " ir derrubar as pinhas".
Meu pai capitaneava o grupo familiar, ele era sabedor de qual pinheiro iríamos fazer a colheita.
Havia muitos pinheiros, cada um com sua característica.
Um era "el Pin dei rami bassi", era um Pinheiro cujos galhos eram facilmente escaláveis, nem precisava escada.As pinhas eram bem volumosas, os pinhões também.
Outro pinheiro_ que ficava mais para o fim da temporada era o do " pinhão macaco" as pinhas não debulham e certamente era comida preferida dos bugios .
Ficou na lembrança, eu devia ter uns 9 anos.
Era dia de colher pinhões, derrubávamos as pinhas inteiras que eram guardadas no porão para conservar e a medida da necessidade íamos debulhando, assando, cozinhando...era bom para ficar ao redor do fogão a lenha nos dias frios de inverno.
Naquele dia eu pedi a meu pai _" deixa eu subir:?
Com o consentimento, eu, descalça, fui subindo uma escada até alcançar o primeiro galho.
Me alcançaram a taquara_ com a qual batiamos na base da pinha e essa caia inteira.
Meu pai foi me orientando "_ pisa no galho, te segura bem, pegue a taquara_, olha, lá naquele galho tem uma!"..
E eu não senti medo algum, meu pai me deixou segura de que eu podia! Eu podia!
É assim enchemos um cesto _ de taquaras _ trançado pelo pai Cornélio Seganfredo.
Ele , filho de imigrantes italianos, criado na Serra do Carreiro, (rio) desde os 16 anos trabalhava no corte de araucárias _ ganhou dinheiro para comprar sua própria propriedade em Ciriaco.
Hoje, quando preciso vencer obstáculos lembro desse episódio.

Incrível como a confiança depositada em nós pelos pais nos dá um sentimento de coragem e força para sempre.
Saudades da infância na colônia.


]
do livro : Storia della Congregazzione Scalabriniana:
-"Ah, se non ci fossero stati i pignoli, non so se saremmo sopravvissuti , perchè solo al principio del 1877 cominciarono i primi raccolti dei prodotti indispensabili alla nostra alimentazione.


Os ViEIRAS -ainda por escrever mais informações

 Octavio Vieira, ao centro, de gravata, casado com Isabel Vieira, tio de meu pai. Eram pais da professora Eponina, que nós chamávamos carinhosamente de tia, lá em casa, em Passo Fundo. A tia Eponina, que era, na verdade, prima de meu pai, foi minha professora de Matemática, no ensino fundamental.


créditos da foto:Ageu Vieira












quinta-feira, 24 de novembro de 2022

O OLHAR DAS GERAÇÕES

 

janela da cozinha da grande casa de madeira na qual todos vivemos por muitos anos

O OLHAR DAS GERAÇÕES

Muitos anos se passaram depois que meu pai Cornélio Seganfredo adquiriu uma gleba de terras em Ciríaco, RS, migrando de Nova Bassano, sua terra natal.
Filho de imigrantes italianos trabalhou no corte de araucárias começando neste mister com apenas 16 anos. Com o dinheiro que ganhou comprou uma colônia de terras agricultáveis e ali com sua esposa Luiza Ferri, também filha de imigrantes italianos constituiu família.
No inicio moravam em uma casa já ali existente, antiga, sem pintura, típica dos colonos e ali nascemos todos nós, os 7 filhos.
Com o tempo construíram uma casa nova com madeira de araucária da própria propriedade, inteiramente em madeira, até o telhado era de taboinhas (scandole).
Na grande cozinha havia uma janela onde todos sentavam , a nona Catina para fazer dressa, um artesanato com palha de trigo preparada- fazia chapéus e bolsas(sporte) para nós todos e eu sentava ao lado dela para aprender... Colocava sete palhas na minha mão, começava e eu ia também trançando para agradá-la. Eu tinha seis anos de alegria por estar com ela ali sentada, perto da caixa da lenha, do fogão e da janela! . Ali nessa janela toda a família se sentava e a paisagem era essa: um pé de guabiroba, galinhas ali ao redor, árvores frondosas....era um lugar de devaneio... de olhar....
E assim ali se sentaram muitas gerações descendentes do casal Cornélio e Luiza, netos, bisnetos, noras, genros...e dentre eles o bisneto Gustavo Ciricato.
Depois de mais de 80 anos , por motivo de força maior a propriedade foi vendida, porém a marca permaneceu e permanecerá para sempre eternizada neste quadro pintado pelo Gustavo Ciricato, que além de ter sua formação em Relações Internacionais é um pintor admirado por todos nós pois exprime sentimentos nas pinceladas coloridas...
Ele denominou esse quadro O OLHAR DAS GERAÇÕES, pois ali, dessa janela, os olhares de muitas gerações da família contemplaram o Universo !
As muitas gerações que passaram e outras passarão, mas o olhar de todas elas terá como orientação A JANELA!





domingo, 20 de novembro de 2022

Aidir Seganfredo, o popular Martin

Nascido em 23 de agosto de 1942 Aidir Seganfredo, filho de Cornélio Seganfredo e de Luiza Ferri viveu em Ciríaco até os 77 anos de idade. 

O sítio era pertencente à família de Cornélio Seganfredo e Luiza Ferri, que viveram ali também toda a sua vida.

Cornélio e Luiza  eram filhos de imigrantes italianos, respectivamente, ele filho de Pellegrino e Catterina Seganfredo nascidos em Mason Vicentino, Vicenza, Itália , ela filha de Celeste Giovanni Ferri e Pierina Cecchin, também imigrantes italianos, ele de San Daniele Po , Cremona e ela de CastelFranco Veneto, Treviso, Itália.

Sendo o primeiro filho da família foi crescendo junto com o povoado de Ciríaco, que era até 1925 uma grande área de terra de mato, pertencente aos Ribeiros- terra de posse que a família Ribeiro loteou e vendeu á semelhança dos povoamentos nas antigas Colônias. Outra parte , cerca de 100 colonias de terras chamada de Fazenda Bom Retiro ou Posse do Ciríaco, era pertencente a um grupo de germânicos que provávelmente nunca pisaram ali, mas que também eram terras de posse concedido no ano de 1881 ao casal Felipe Dreher e Carolina Cullmann e posteriormente venderam  a Francisco Xavier Friedrich que  revendeu   a  um grupo de germânicos que mandaram medir a extenção de terras e a lotearam também . 

Esta gleba foi medida por Maximiliano Beschoren, um engenheiro alemão que viveu aqui por essa região por um tempo medindo terras.

Além dessas duas glebas ainda tinha muita terra devoluta e mais de posse de Libório Pimentel e de José Muliterno, um imigrante italiano que fez fortuna requerendo muitas terras e loteando para suprir a necessidade dos filhos dos imigrantes italianos que precisavam comprar mais terras de cultivo.

Assim Aidir Seganfredo , o popular Martin fez a sua história de vida em Ciríaco, foi crescendo juntamente com o povoado, agora cidade, até o fim de seus dias.

Foi um agricultor que juntamente com a família de seu pai Cornélio preservou a natureza, cuidando da propriedade da família deixou uma área bem preservada com araucárias e uma sanga cujas nascentes se localizam na divisa das terras que foram de José Seganfredo, seu tio e das terras de Cornélio, o  pai.

Aidir foi um autodidata, lia muito, sabia a história do Mundo.

Veio a falecer dia 4 de novembro de 2022 no Hospital São Vicente de Paulo em Passo Fundo, por complicações cardíacas, aos 80 anos de idade.

]Deixou tres filhos: Francis, Cristiano e Cleiton, um neto Brian, e duas noras

                                                        foto de Aidir Seganfredo, o Martin

                                 foto das terras, +- 700  m do nivel do mar, As roças no meio de bosques 
                                                           Aidir na porta de casa em Ciríaco


esteve na segunda festa da Família Seganfredo.ddo em David Canabarro. Aqui com o primo Osmar e a prima Denir Dal Prá
p

acima com parte da família- que se reunia duas a tres vezes ao ano na casa natal

aqui perto tinha uma gleba de terras onde nós trabalhávamos, cultivávamos .

sala da casa em madeira da família de Cornélio e Luiza-aqui a gente ficava conversando





janela da    cozinha

dos pinheiros- no meio do tronco deste pinheiro vê-se a enxada que foi de meu avô italiano Celeste Giovanni Ferri

Anaro de Oliveira Netto- fotografia de Francisco Oliveira _ o popular Chico do Anaro

 Sobre a família de Anaro de Oliveira Netto ainda não tenho informações, porém essa foto pertencente a Francisco Oliveira, o popular Chico do Anaro- posto aqui até  conseguir mais informações


ESCARAMUÇAS NOS PRIMEIROS TEMPOS ENTRE MIGRANTES ITALIANOS E LUSO BRASILEIROS EM CIRÍACO

  Meu pai Cornélio Seganfredo, jovem. Coisas do pai Cornélio Seganfredo Foi assim: Hoje fui até Ciriaco e me informaram que havia falecid...