terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Primórdios dos Seganfredo no Rio Grande do Sul.-BARBA TONI- MISSIONÁRIO

Padre Antônio Seganfredo – Barba Toni

Segundo missionário Scalabriniano no Rio Grande do Sul

  Nasceu em Mason Vicentino-VI-Itália em 12 de junho de 1851, filho de Pellegrino Seganfredo e Maria Volpato. Emigrou para o Brasil no inicio da década de 1880 para trabalhar como operário na abertura de estradas coloniais. Empregou-se como cozinheiro e reunia os compatriotas para rezar  á noite o que lhe rendeu o apelido de capelão. Sentiu então um chamado vocacional e resolveu depois de anos de trabalho entre Bento Gonçalves e Veranópolis voltar para a Itália e estudar para tornar-se padre.  Foi aceito no Instituto Mander de Fonte Alto -TV, voltado à vocações maduras e posteriormente no Instituto para Emigrantes em PIACENZA, fundado por Dom Giovanni Battista Scalabrini. Foi ordenado padre em 31 de março de 1895 com 44 anos de idade.  No seminário tinha o nikename de Barba Toni,  porque já era um homem de meia idade, o que quer dizer em uma linguagem local “TIO TONI.  Em  1896   foi enviado para a  Colônia Alfredo Chaves chegando em setembro. Instalou-se na casa do irmão Giuseppe Seganfredo que havia emigrado em 31 de dezembro de 1891 e desde março de 1892 estava ocupando o lote 37 na linha IX no território da atual Nova Bassano. Ali tinha uma pequena igrejinha em madeira perto do monte Pareo, começou a trabalhar mas como os colonos das linhas IX e X disputavam o local da construção de uma Igreja maior começaram a litigar entre si, retirou-se para a  Capoeiras, onde havia uma pequena igreja em madeira nas terras do fazendeiro Antônio Silvério de Araújo. Ali Começou a desenvolver a missão entre os colonos. No final de outubro no mesmo ano chegou também o padre Pedro Colbacchini. O padre Pedro era o chefe da missão, mas como os dois padres eram muito diferentes no modo de atuar o padre Antônio Seganfredo permaneceu em Capoeiras e o padre Pedro Colbacchini foi para a região da  atual Nova Bassano onde se instalou temporariamente na casa de um colono na linha X.  O padre Antônio Seganfredo permaneceu nessa missão entre Capoeiras, atual Nova Prata, Protásio Alves e arredores de 1896-1912 quando teve um mal súbito e faleceu na Santa Casa de Misericórdia em Porto Alegre onde  foi sepultado. No ano 1915 exumaram o corpo e os restos mortais foram transladados para Capoeiras onde uma grande multidão esperava o cortejo. Foi sepultado na capela maior da Igreja de São João Batista onde em uma lápide de mármore estava escrito “- Ao padre Antônio Seganfredo missionário carlista fundador desta igreja por 14 anos pastor muito amado.Capoeiras reconhecida.1851-1912.

Durante os anos em que ali exerceu seu papel de missionário incentivou os agricultores a solicitar ao governo provincial escolas para as capelas, visitava as famílias de imigrantes até 100 km de distância a pé e a cavalo, esteve junto com os imigrantes quando em 1906 houve uma grande seca na região, as águas secaram, o calor propiciou o surgimento de nuvens de gafanhotos que devoraram  as plantações, houve um surto de tifo e morreram muitas pessoas, o que o obrigou a atender de norte a sul incessantemente os doentes.

De temperamento extrovertido, gargalhava contando histórias, cantava nas rodas nos dias das festas religiosas , ensinava remédios caseiros que aprendera com os nativos aos  colonos, por isso era muito procurado e amado.  Dom Giovanni Battista Scalabrini escreveu enquanto estava visitando a região  em 1904:

 “_O Pe. Seganfredo  sente extremamente a falta de um colega. Imaginem que para chegar de uma parte à outra da missão é preciso viajar até quatro dias a cavalo. Frequentemente , ao regressar de um núcleo é chamado para outro, mais ou menos – ou melhor-sempre-distante. Ficarei aqui até sábado para administrar a crisma e tratar de outros assuntos. Às  12 horas partirei para nova Bassano , distante apenas quatro horas .Estou hospedado numa casa nova ,de madeira juntamente com Carlos e o Pe. Marcos  . Há uma igreja muito bonita, quase terminada, dedicada a São João Batista; benzê-la-ei  solenemente amanhã ou depois. É obra do bondoso Pe. Seganfredo que, com seu zelo e sua piedade , conquistou a veneração de todos.”

Depois da morte dele em 1912 a paróquia permaneceu na direção dos scalabrinianos até 1918. Dali em diante foi gerida pelos padres seculares. Com a construção da igreja atual em Nova Prata a primeira foi desativada, os restos mortais dali retirados e, dizem, enviados para Nova Bassano para que dessem a devida destinação. Algo aconteceu neste intervalo de tempo e não sabemos mais onde foram parar, não temos um lugar de sepultura para visitar. Pela mudança de gestão daquela paróquia e por não ter um lugar de sepultura a história dele foi esquecida até o tempo presente .  Mas como o tempo se encarrega de  resolver certos esquecimentos,  pôde ele mesmo contar sua história através do resgate das cartas manuscritas desde o arquivo geral da Congregação dos Padres Scalabrinianos em Roma.

 

 

Giuseppe Seganfredo- pioneiro no povoamento de Nova Bassano (então Colônia Alfredo Chaves)

Giuseppe Seganfredo nasceu em 13 de novembro de 1853 em Mason Vicentino-VI-Itália- filho de Pellegrino Seganfredo e Maria Volpato. Casou-se com Margherita Marcon em 25 de novembro de 1875. Em 15 de dezembro de 1891 partiram de Mason emigrando para o Brasil juntamente com os 5 filhos. Na mesma data partiu Lucia Seganfredo com o marido Girolamo Lovison e os 3 filhos. Embarcados no navio a vapor Solferino chegaram no porto do Rio de Janeiro em 26 de janeiro de 1892.Em meados de março de 1892 chegaram em Porto Alegre embarcados no paquete Iris e já foram encaminhados para se estabelecer no lote 37 da Linha IX ,Ramiro Barcellos, perto do monte Pareo. Dos 5 filhos nascidos na Itália Lino faleceu em solo riograndense logo ao chegar e como não encontramos certidão de óbito pode ter sido sepultado na beira da trilha que conduzia os primeiros povoadores até seu destino final, como costumavam fazer. Na beira destas trilhas havia muitas cruzes- contavam os nossos anciãos.Em 1894 nasceu outro menino ao qual deram o nome de Lino Marcon Seganfredo, e mais outro menino em 1896 Riccardo. Pellegrino (1880) casou com Catterina Seganfredo, Maria(1884) casou com Francisco Balzan, Antônio(1885) casou com Giovanna Caldieraro, Catterina (1891) casou com João Caron, Lino(1894 )casou com Virgínia Barbisan) Riccardo (1896)casou com Francisca Anzolin.

Giuseppe foi um dos agricultores que começou a movimentar os compatriotas da linha IX para solicitar um padre para atender os imigrantes nessa parte da região de Alfredo Chaves.

Sempre foi agricultor e ali faleceu em 10 de junho de 1919 .  Margherita Marcon faleceu em  5 de agosto de 1916. Ambos foram sepultados em Nova Bassano.

Desta família podemos destacar Pellegrino Seganfredo, o primogênito, que foi professor por diversos anos em uma escola para os filhos dos imigrantes ensinando ler e escrever em português.

 

Carlo Seganfredo- nasceu em 8 de outubro de 1858 , irmão de Antônio, o missionário, de Lúcia e de Giuseppe. Casou-se com  Maria Giovanna Nicoli em 28 de janeiro de 1885. Emigrou para o Brasil em 4 de abril de 1897 com os 7 filhos e os pais Pellegrino de 81 anos e Maria Volpato de 69 anos. Aportaram no Brasil no inicio de maio. Depois de 3 meses trabalhando em uma lavoura de café em Minas Gerais vieram para o Rio Grande do Sul, na mesma Colônia Alfredo Chaves. Ficaram por ali esperando ser designado um lote de terras e enfim em 1898 foram se estabelecer na mesma linha IX vizinhando com Giuseppe e Lucia. Abriram uma bodega de Secos & Molhados, comum na época, com  produtos que eram de necessidade dos colonos. Infelizmente em um dia que passava um cortejo de casamento dispararam um morteiro que caiu em cima do telhado de madeira e queimou a casa e a bodega. Construiram outra casinha de madeira ali, mas como estavam sem nada foram morar em Nova Bassano, que começava a prosperar , em uma grande casa de madeira onde abriram uma pequena pensão com refeitório. Tiveram 12 filhos que se casaram em Nova Bassano, 7 italianos e 5 brasileiros.

Catterina(1882) casou com Pellegrino Seganfredo, Amália(1885) casou com Agostino Segalin, Maria( 1886) Casou com Natale Luigi Signori, Cirillo(1888) Casou com Maria Soccol, Assunta(1890) casou com Angelo Zandoná, Lino(1893)casou com Thereza Parisotto. Livia(1896)Casou com Francisco Tecchio, Gilberto(1899)Casou com Maria Tecchio, Florinda(1900) casou com Francisco Tonin, Sylvio(1902) casou com Palmira Vanzin, Luis Ernesto(1904)casou com Elisa Tedesco, Augusto(1907) casou com Maria Segalin.

Destes filhos dois se destacaram em Nova Bassano, sendo Cirillo professor e maestro da Banda Bassanense , ativa no ano de 1915. Sylvio fundou uma cooperativa denominada Cooperativa Mista Bassanense, cita à rua Duque de Caxias , 29. Ali vendiam tudo o que os agricultores precisavam, desde ferramentas agrícolas, arames, pregos, fumo de rolo, inseticidas, sementes e também ferraduras e arreios para os cavalos. Fundada ali pelo ano de 1959, funcionou por muito tempo sob o comando de Sylvio e do filho deste Eloi Benito, posteriormente acabou encerrando as atividades.

Destas famílias também se originaram profissionais liberais, atuando em várias atividades, muitas famílias migraram para outros lugares do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e no tempo presente estão praticamente em todos os Estados do Brasil

 

Fontes de pesquisa:

Seganfredo Ana , Seganfreddo Alessandro-Uma Família, Uma História- 2018-AllPrintEditora-Erechim

Baréa Dom José- A vida Espiritual nas Colônias Italianas -RS-EdiçõesEST


Origens Família Seganfredo no Rio Grande do Sul.

 RELATO DOS PRIMÓRDIOS NA REGIÃO DA COLÔNIA ALFREDO CHAVES

 Ana Maria Seganfreddo


Introduzo esse  relato sobre meus antepassados imigrantes italianos na então Colonia Alfredo Chaves que obtive ao longo de anos de pesquisa, mas também por ser filha de um bassanense, Cornélio Seganfredo que ali viveu na linha décima até os 25 anos quando se transferiu para Ciríaco onde se casou e se estabeleceu como agricultor .

Uma vez ao  ano ele e  outros agricultores migrados de Nova Bassano visitavam o lugar de nascimento mais precisamente nas festas das comunidades  São Paulo Apóstolo e São Roque nas festas dos padroeiros onde tinham a oportunidade de encontrar os parentes e conhecidos que lá permaneceram.lônia Alfredo Chaves, mais precisamente na região da atual Nova Bassano e    arredores relatando FAMÍLIA  SEGANFREDO




ANTÔNIO SEGANFREDDO, BARBA TONI



     O  nosso mais ilustre antepassado , Antônio Seganfredo   na primeira estada no Rio Grande do Sul  foi  operário na abertura das estradas  coloniais  e posteriormente no segundo reingresso  missionário scalabriniano.

     Nasceu  Antônio em Mason Vicentino -VI-_Itália no dia 12 de junho de 1851, filho primogênito de Pellegrino Seganfredo e Maria Volpato. Emigrou para o Brasil na década de 1880 com a idade de 31 anos, portanto já adulto. 

   O que sabemos dele provém da história oral contada por alguns parentes e poucos  escritos de pesquisadores padres scalabrinianos e principalmente pelas inúmeras cartas que enviou ao fundador da Congregação Scalabriniana Dom Giovanni Battista Scalabrini e posterior à morte deste  ao sucessor superior da Congregação  e também para alguns coirmãos com os quais conviveu no Rio Grande do Sul enquanto trabalhava na missão da então Colônia Alfredo Chaves.

      Antônio Seganfredo era de  origem humilde e  começou a trabalhar para prover seu sustento desde os 14 anos , como ele mesmo relatou.  Sempre como trabalhador braçal  em Mason Vicentino e arredores sendo que em 1880 estando em Bassano del Grappa regressou à cidade natal e preparou-se para emigrar para o Brasil. 

O apelido de Barba Toni , segundo informações, foi dado porque ele era uma vocação madura no seminário e significa “TIO TONI”.    

     Nessa época o governo Provincial do Rio Grande do Sul começou a contratar operários para a abertura das estradas coloniais até então praticamente inexistentes. Era necessário melhorar a trafegabilidade nas Colônias para facilitar o deslocamento de pessoas e transporte da produção agrícola já em expansão. Foi neste tempo que Antônio Seganfredo partiu para o Brasil para esse serviço temporário acompanhado de alguns compatriotas e foram empregados na abertura da principal artéria colonial, a estrada Buarque de Macedo que partia do porto fluvial de São João de Montenegro até Alfredo Chaves , atual Veranópolis  passando por Garibaldi e Bento Gonçalves. Conta-se que ele se empregou como cozinheiro do grupo de trabalhadores, mas também exercia outros serviços braçais.  Ele trabalhou mais especificamente entre os atuais municípios de Bento Gonçalves e Veranópolis. Á noite costumava reunir os trabalhadores dispostos a rezar e desta forma deram-lhe o apelido de capelão. Desta  sua prática cotidiana veio-lhe a ideia de, após anos de trabalho  voltar para a Itália e ingressar em alguma Congregação religiosa onde pudesse preparar-se para tornar-se padre e posteriormente voltar ao Rio Grande do Sul e exercer o ministério presbiteral  e assim fez .

     Chegando na  Itália dirigiu-se para Mason Vicentino e ficou uns dias na casa dos pais. Conversando com a mãe falou-lhes sobre o seu desejo de estudar para tornar-se padre . Conta a Irmã Mafalda Seganfredo, sobrinha neta dele, que a mãe respondeu”_ como queres te tornar padre se nem te vejo rezar?” Ao que ele respondeu”- Va la...va la... um Pai Nosso e uma Ave Maria já são suficientes!”. A mãe falou isto porque naquela época os padres tinham como característica o ascetismo, o que nunca foi o lado forte dele. Levando adiante o seu ideal foi admitido primeiramente no Instituto Mander de Fonte Alto- TV, que era apropriado para vocações maduras. Posteriormente, fechando este dirigiu-se para Piacenza, Emilia Romagna, onde foi admitido no Instituto para Emigrantes em 26 de setembro de 1892 , este fundado por Dom Giovanni Battista Scalabrini com o propósito de formar missionários para acompanhar os imigrantes onde quer que fossem, pois era muito grande o fluxo migratório. 

    Ali permaneceu estudando teologia até o ano de 1895, quando foi ordenado sacerdote  em 31 de março por Giovanni Battista Scalabrini.

Agora já sacerdote foi enviado para o Rio Grande do Sul  em 20 de julho de 1896, a bordo do navio a vapor Edilio Re, partindo de Nápoles passando pelo  Porto de Genova juntamente com 2200 imigrantes. Assumiu  no navio o papel de capelão, onde pode acompanhar as vicissitudes deles e nessa viajem de reingresso  presenciou a morte de seis crianças e uma mulher jovem.

Do porto de Santos onde desembarcou cumpriu algumas visitas formais encomendadas por Dom Giovanni Battista Scalabrini e foi a São Paulo visitar o padre Giuseppe Marchetti, no Instituto Cristóvão Colombo, porém não o encontrou, foi posteriormente para Curitiba onde visitou Santa Felicidade, onde encontrou os coirmãos naquela missão e em seguida rumou para o Rio Grande do Sul. Ali foi se apresentar ao bispo da Provincia porém não o encontrou, rumando então por conta própria para a linha IX Ramiro Barcellos , no atual município de Nova Bassano onde já estava desde 1892 seu irmão Giuseppe Seganfredo com a família. Era setembro de 1896.

  Pretendia começar  seu apostolado ali, onde havia uma pequena Igreja perto do Monte Pareo, porém como os agricultores das linhas IX e X estavam disputando o local onde seria erguida uma Igreja matriz começaram a litigar entre si, então ele resolveu sair dali e ir para outro lugar então chamado Capoeiras ou São João Batista do Herval onde tinha uma pequena igrejinha em madeira nas terras do fazendeiro Silvério Antônio de Araújo dedicada a São João Batista. Começou ali a atender os agricultores exercendo todas as obrigações de um missionário.

No final de outubro do mesmo ano chegou naquela Colônia também o padre Pedro Colbacchini, que já havia trabalhado na missão do Paraná, depois retornara à Itália e agora novamente no Brasil, mas na missão do Rio Grande do Sul.

Este contava com a ajuda do padre Antônio Seganfredo, que deveria ser seu coadjutor, porém ambos eram dotados de uma personalidade forte e não combinavam muito como companheiros de trabalho, ficando então o primeiro radicado em Capoeiras de 1896 quando retornou da Itália como padre até aproximadamente 1910 quando adoeceu gravemente e voltou por um período à Itália para se tratar. Depois que retornou da Itália permaneceu uma temporada em Porto Alegre atendendo os imigrantes que continuavam chegando, porém na manhã do dia 23 de dezembro de 1912 teve um mal súbito e morreu na Santa Casa de Misericórdia .

  Padre Antônio Seganfredo por ter sido operário antes de se tornar padre tinha facilidade em se misturar com a população durante os festejos paroquiais,  participava das rodas de canto, pois amava cantar. Cantava enquanto percorria longas distâncias a cavalo no meio dos matos, onde ia até cem quilômetros de distância a visitar famílias por ali dispersas. Também gargalhava, o que parecia um absurdo para um padre da época.

Mas era bem quisto, ensinava remédios caseiros que aprendera com os caboclos da região e na ausência de médicos era bastante procurado quando algum paroquiano adoecia. 

    Quanto aos coirmãos foi muito criticado  por vários motivos: um foi o de não ter obedecido uma das regras da Congregação que era de permanecer sempre  dois padres no local da  missão.

  Outra crítica era a de ser nepotista por ter acolhido os pais e a família do irmão Carlo por aproximadamente dois anos na residência paroquial, pois estes ao chegarem da Itália , sem saber falar português foram parar com uma leva de imigrantes em uma fazenda de café em Minas Gerais. Além disso foi até lá busca-los e os conduziu ao Rio Grande do Sul, pela distância de ida e volta ficou fora da missão por quase quatro meses sem a autorização do superior.

   Em uma das cartas escrita em 1897 e enviada para Dom Giovanni Battista Scalabrini expressou sofrimento. Escreveu: “- Eis a vossos pés o último de vossos missionários. Me sinto cansado e deprimido pelas calúnias que sou obrigado a ouvir do padre Pedro.” 

      Mas também enfrentou adversidades  quando em 1906  ocorreu   uma grande seca na região.  Secaram as águas, secou o pasto e favoreceu o aparecimento de grandes nuvens de gafanhotos que devoraram todas as plantações deixando a todos na miséria. Também uma epidemia de tifo matou muita gente obrigando-o a passar muitas horas a cavalo e  a pé indo atender os moribundos.

  Mas teve a audácia de construir juntamente com os colonos uma Igreja em alvenaria, começando em 1898 . A mesma foi inaugurada por Dom Giovanni Battista Scalabrini na sua visita pastoral em 1904. Em seu diário de viagem Dom Giovanni Battista Scalabrini escreveu enquanto estava visitando a região :

 “_O Pe. Seganfredo  sente extremamente a falta de um colega. Imaginem que para chegar de uma parte à outra da missão é preciso viajar até quatro dias a cavalo. Frequentemente , ao regressar de um núcleo é chamado para outro, mais ou menos – ou melhor-sempre-distante. Ficarei aqui até sábado para administrar a crisma e tratar de outros assuntos. Às  12 horas partirei para nova Bassano , distante apenas quatro horas .Estou hospedado numa casa nova ,de madeira juntamente com Carlos e o Pe. Marcos  . Há uma igreja muito bonita, quase terminada, dedicada a São João Batista; benzê-la-ei  solenemente amanhã ou depois. É obra do bondoso Pe. Seganfredo que, com seu zelo e sua piedade , conquistou a veneração de todos.”

     No ano de 1915 os restos mortais do Pe.Antonio  foram trasladados  de Porto Alegre onde  estava sepultado e trazidos  para Capoeiras    fato este que    causou uma grande comoção, e  uma multidão foi recebe-los a 10 km de distância para acompanhar o cortejo  e sepultados foram na Capela Maior daquela Igreja que construíra junto com seus paroquianos, tendo uma inscrição em uma lápide de mármore que dizia” -Ao Reverendo Pe. Antônio Seganfredo, missionário carlista, fundador desta Igreja por 14 anos pastor muito amado, Capoeiras reconhecida: 1851-1912.

Porém com a construção da atual Igreja de Nova Prata os restos mortais dele foram retirados daquela Igreja primeira e dizem que  foram  enviados para Nova Bassano, pois a paróquia já não era gerida pelos scalabrinianos. Neste trajeto ninguém mais soube que fim tiveram, não há um lugar de sepultura para que possamos visitar. Mas, seja lá o que tiver acontecido, o que permanece é o exemplo de sacerdote, um homem que parecia ser rude, mas que tinha um coração compassivo, um verdadeiro apóstolo de Jesus.



GIUSEPPE SEGANFREDO

     

     Giuseppe Seganfredo nasceu em 13 de novembro de 1853. Irmão de Antônio Seganfredo, o missionário ,  emigrou para o Brasil juntamente com a esposa Margherita Marcon e os cinco filhos do casal, partindo de Mason Vicentino em 15 de dezembro de 1891. No mesmo dia partiu também sua irmã Lucia Seganfredo nascida em 12 de junho de 1856, casada com Girolamo Lovison e os três filhos . Foram incentivados a emigrar por Antônio Seganfredo que  já havia retornado para a Itália. Antônio alimentava um sonho que era de reunir toda a família no Rio Grande do Sul.

     Giuseppe Seganfredo embarcou com a família no vapor Solferino e aportou no Rio de Janeiro em 26 de janeiro de 1892. Logo em 16 de março de 1892 embarcou com a família no navio Iris e em 19 de março já estava no Rio Grande do Sul onde foi encaminhado para a Colônia Alfredo Chaves, na linha IX, Ramiro Barcellos, ocupando o lote 37.  

   Como havia combinado com o irmão Antônio, ali chegando começou a movimentar os colonos para solicitar a vinda de um padre para atender essa parte da Colônia. Foi muito ativo nesta busca, porém , apesar de ter Lucia Seganfredo com a família morando na mesma linha, mais tarde também a família de Carlo se estabeleceu ali, os irmãos Seganfredo realizaram o sonho em parte, porque Antônio escolheu permanecer em Capoeiras, atual Nova Prata e Luigi , o caçula permaneceu na Itália, não conseguiu embarcar em 1897  pois a esposa Giullia Bellinaso estava grávida. De Luigi descendem nossos parentes italianos de Maróstica.

   Giuseppe Seganfredo sempre foi agricultor e morou sempre nesse endereço onde faleceu em 10 de junho de 1919. 

  Dos filhos nascidos na Itália o menino Lino, que nascera em 1887 faleceu depois de chegar ao Rio Grande do Sul, porém não sabemos onde foi sepultado, talvez na beira da trilha percorrida até chegar ao destino final, como acontecia seguidamente.

No Brasil nasceram mais dois meninos, a um deles deram o nome de Lino Marcon Seganfredo ,(ano de 1894)  para homenagear o irmão . Este posteriormente casou-se com Virgínia Barbisan. Riccardo Marcon Seganfredo também nasceu no Brasil em 1896 se casou com Francisca Anzolin. Pellegrino,(ano 1880) meu avô, casou-se com Catterina Seganfredo, e eram primos. Maria (ano 1884) casou-se com Francisco Balzan, Antônio (1885) casou-se com Giovanna Caldieraro e Catterina( ano 1891) casou-se com João Caron.

Margherita Marcon faleceu em 5 de agosto de 1916. Tanto Giuseppe quanto Margherita permaneceram sempre em Nova Bassano e ali também foram sepultados.


LUCIA SEGANFREDO


      Lucia Seganfredo nasceu em 12 de junho de 1856 em Mason Vicentino-V - Itália.   Girolamo Lovison nascido em 22 de junho 1851  casou-se com ela no dia 24 de janeiro de 1877.

  Partiram de Mason Vicentino no mesmo dia de Giuseppe Seganfredo, 15 de dezembro de 1891, como consta no Foglio de Famiglia. Vieram  trazendo três filhos Luigi, Catterina e Andrea. No Brasil nasceram mais dois filhos: Giovanni Battista  e Antônio. 

 Estabeleceram-se na linha IX, Ramiro Barcellos , lote  35 , mas possuíam outro lote na linha 31,  no ano de 1892, portanto quatro anos antes do padre Pedro Colbacchini ali chegar. 

   Lucia faleceu em 28 de dezembro de 1941, no lote 31 da linha Ramiro Barcellos, por isso deduzimos que ali foi construída a casa. Girolamo faleceu em .8 de junho .de 1922 .em Nova Bassano onde foi sepultado .

Luigi (ano de 1886) casou-se com Ângela Carollo, Cattterina (ano 1887) casou-se com Camilo Sasso, Andrea( 1879) casou-se com Fortunata Anzolin, Giovanni Battista  (ano de 1893) casou-se com Emilia Dalla Costa, Antônio( 1900) casou-se com Aurélia Lazzarotto  e posteriormente com Ursula Zortea.

   Deduzimos que Giuseppe Seganfredo e Girolamo Lovison com suas famílias partiram de Mason no ano de 1891 chegando no Rio Grande do Sul  no inicio de 1892, sendo ambos considerados pioneiros  entre as primeiras famílias que se estabeleceram na região de onde surgiu posteriormente Nova Bassano. 

    Desta família originou-se uma grande descendência, uns permaneceram em Nova Bassano, outros migraram para outras regiões e exercem variadas profissões.






CARLO SEGANFREDO

  Carlo Seganfredo nasceu em oito de outubro  de 1858 em Mason Vicentino, VI_ Itália e casou-se com Maria Giovanna Nicoli em 28 de janeiro de 1885. Faleceu em Nova Bassano em 17 de maio de 1945.Maria Giovanna Nicoli nasceu em.14 de agosto de 1861 e faleceu em 11 de janeiro de 1933. Ambos foram sepultados em Nova Bassano.

   Carlo Seganfreddo partiu de Mason Vicentino em 30 de março de 1897  com os sete filhos. Trouxeram consigo também o velho pai Pellegrino. e Maria Volpato . Também os acompanhava até o porto de Genova o irmão Luigi com os filhos e a esposa Giullia Bellinaso. Como esta estava em adiantado estado de gravidez não foi admitida no navio, então essa família retornou para Mason e ali permaneceram, ficando assim a família dividida. 

Quando chegaram no porto do Rio de Janeiro sem saber falar o português seguiram juntamente com uma leva de imigrantes para uma fazenda de café em Minas Gerais onde permaneceram por alguns meses até conseguirem se comunicar  com o padre Antônio Seganfredo que já estava em Capoeiras e este, aconselhado por alguns coirmãos partiu no dia dois de julho e retornou com eles em .oito de setembro.  Chegando no Rio Grande do Sul deixou os pais e a cunhada com duas crianças menores em São João de Montenegro e caminhou dali acompanhado do irmão e 5 sobrinhos por três dias embaixo de uma chuva torrencial até chegar em Capoeiras. Em uma das cartas onde narra o fato a Dom Giovanni Battista Scalabrini escreveu –“ cheguei doente, mas  vivo.”

Carlo , talvez por ter sido enviado a outra região chegando na Colônia Alfredo Chaves ficou sem propriedade rural, o que o obrigou a permanecer por dois anos em Capoeiras com o  irmão Padre Antônio.

Em 1900 já se instalou perto do irmão Giuseppe, na linha IX. Ali permaneceu por algum tempo e abriu uma bodega de Secos & Molhados, produtos que eram de necessidade básica dos colonos. Infelizmente um certo dia, passando um cortejo festivo de casamento estourando morteiros uma faísca caiu em cima da casa de madeira que incendiou e a perda foi total. Construíram ali uma outra pequena casa, mas com o passar do tempo deixaram ali um dos filhos e mudaram-se para o núcleo de Nova Bassano, que já ia crescendo, abrindo em uma grande casa de madeira na qual moravam  uma espécie de hospedaria . Carlo era  sacristão, não era muito afeito aos trabalhos pesados na agricultura rudimentar, era muito franzino, por isso optou por outro trabalho que não o rural.

 A família era numerosa: Catterina(1882) minha avó, casou-se com Pellegrino Seganfredo, o primo, Amália(1885) casou-se com Augusto Segalin, Maria (1886) casou-se com Natale Luigi Signori, Cirillo(1888) casou-se com Maria Thereza Soccol, Assunta(1890) casou-se com Angelo Zandoná, Lino (1893) casou-se com Thereza Parisotto, Livia ( 1896) casou-se com Francisco Tecchio, Estes nascidos na Itália.

Esses abaixo nasceram em Nova Bassano.

Gilberto (1899) casou-se com Maria Tecchio, Florinda ( 1900)  casou-se com Francisco Tonini, Silvio ( 1902)casou-se com Palmira Vanzin, Luís (1904) casou-se com Elisa Tedesco, Augusto ( 1907) casou-se com Maria Segalin.

   Sobre a participação da família de Carlo em Nova Bassano podemos destacar Cirillo, que quando jovem morou com o padre Pedro Colbacchini e era aluno do padre Antônio Serraglia. A ideia era estudar e tornar-se padre. Voltou para a Itália para prestar o serviço militar em Maróstica, já em 1910 retornou para o Brasil e em 1912 estava trabalhando em São Paulo, em um lugar chamado Rio Claro , onde havia uma filial do Instituto Cristóvão Colombo pertencente aos  padres scalabrinianos. Depois da morte do padre Antônio Seganfredo, cremos que pouco depois voltou para Nova Bassano onde organizou juntamente com outros jovens a Banda Bassanense, Ele era o maestro.

  Também podemos destacar a participação de Silvio Seganfredo na Cooperativa que prestava serviços aos agricultores comercializando um pouco de tudo que era necessário aos mesmos. De fumo de rolo , arame farpado, instrumentos de trabalho para a agricultura, víveres ,  enfim um comércio de Secos & molhados, muito comum naqueles tempos.

   Com o passar dos anos  muitos  migraram para outros lugares do Rio Grande do Sul, mas também para Santa Catarina e Paraná, porém ainda  permanecem muitos descendentes destas três famílias de  pioneiros no  povoamento de Nova Bassano.



 








     








domingo, 12 de novembro de 2023

IL SOPRANNATURALE

 

IL SOPRANNATURALE

Qualche tempo fa abbiamo attraversato molte difficoltà perché nella nostra famiglia il nostro fratello maggiore soffriva di una malattia irreversibile.

Non so perché, ma questi momenti angoscianti riservano anche delle sorprese

Abbiamo iniziato a occuparci della nostra proprietà rurale, acquistata da nostro padre Cornélio Seganfredo più di 85 anni fa

Ogni albero, ogni animale è diventato speciale per me.

Sentire il gracidio delle rane nelle zone umide di notte era una meravigliosa sinfonia, una ninna nanna, un mantra

Le galline colorate, i cani, gli alberi di guabiroba e di araticum, la sorgente della falda acquifera Guarani che non ci lascia mai assetati, nemmeno nei momenti di siccità più estrema

Allo stesso tempo, si prendeva cura di nostro  fratello, fornendogli tutto ciò di cui aveva bisogno

Mantenere  l'ottimismo

Ogni giorno era un altro giorno in sua compagnia

Fonte di informazioni per la mia ricerca, sapeva tutto

Il tempo passò velocemente

La malattia stava peggiorando

Ma mi ha preso anche un processo di regressione mentale

Ricordando le mucche da latte, le pecore, la vigna, i miei zii, l'inizio dell'anno con le vendemmie collettive

Poi un giorno stavo dormendo? o no?

Mi sono vista camminare lungo questa strada

che abbiamo  camminato  milioni di volte

Da soli o in gruppi familiari

Ogni giorno era così:

Rilasciare il bestiame nei campi

Nel tardo pomeriggio, ritiro presso il potreiro

D'inverno andare  a raccogliere i pinoli

Stufa a legna sempre attiva, con tostatura dei pinoli

Prepara la chimia di zucca

Dai da mangiare il mais ai polli

Ma uma  giornata  mi  è stata diversa...

Forse un arrivederci

La proprietà è stata messa in vendita

Mi ero mossa  spiritualmente verso questa strada?

Il sentiero è stato percorso migliaia di volte

E poi accadde un momento speciale

Ho incontrato  mio padre, ormai defunto, lì, proprio su quella curva dove ci sono quei pini.

Ho ricevuto un messaggio di conforto, credo sia stato da lui

Indossava gli stivali

Sapevo che era lui ma ho visto solo gli stivali

Una sensazione di pace mi ha invaso

Mio padre indossava stivali di pelle con tacchetti dall'età di 16 anni.

Perché lavorava tagliando gli alberi di araucaria da cui provenivano i soldi

Per comprare quel pezzo di terra...

Questo incontro indimenticabile mi ha fatto capire

Quello dall'ALTRA PARTE

In qualche luogo

Dove non abbiamo bisogno di beni materiali

C'è un luogo di pace

Grazie papà per questo incontro..



MOMENTO SOBRENATURAL

 O SOBRENATURAL


Tempos atrás passamos por muitas dificuldades por termos em nossa família o nosso irmão maior em um processo de doença sem reversão
Não sei porque, mas esses momentos angustiantes também nos proporcionam surpresas
Começamos a lidar com nossa propriedade rural , aquisição de nosso pai Cornélio Seganfredo há mais de 85 anos
Cada árvore, cada bicho passou a ser especial para mim.
Ouvir o coaxar dos sapos no banhado à noite era uma sinfonia maravilhosa, uma canção de ninar, um mantra
As galinhas coloridas, os cachorros, os pés de guabiroba, de araticum, a fonte do aquífero guarani que nunca nos  deixou passar sede, nem na mais extrema seca
Ao mesmo tempo , cuidar do irmão, providenciar tudo o que ele precisava
Manter o otimismo
Cada dia era um dia a mais na companhia dele
Fonte de informações para minhas pesquisas, ele sabia de tudo
O tempo passava rapidamente
A doença ia se agravando
Mas um processo de regressão mental também se apossou de mim
Lembrando as vacas leiteiras, as ovelhas, o parreiral, os meus tios, os inicios de ano com as vindimas coletivas
Então, um dia, estava eu dormindo? ou não?
Me vi andando nessa estrada
que por milhões de vezes percorremos
Sozinha ou em grupos familiares
Todo dia era assim:
Soltar o gado na roça
Fim da tarde recolher no potreiro
Inverno ir catar pinhões
Fogão a lenha sempre ativo, com pinhões assando
Fazer chimia de abóbora
Dar milho para as galinhas
E esse dia foi diferente...
Talvez uma despedida
A propriedade foi colocada à venda
Teria eu me deslocado espiritualmente até essa estrada?
A trilha milhares de vezes percorrida
E então se deu um momento especial
Encontrei com meu pai, já falecido, ali , bem naquela curva onde estão esses pinheiros
Uma mensagem de conforto eu recebi, creio que foi dele
Estava de botas
Eu sabia que era ele mas só via as botas
Uma sensação de paz me invadiu
Meu pai desde os 16 anos usava botas de couro com agarradeiras
Porque trabalhava no corte de araucárias de onde saiu o dinheiro
Para comprar aquela gleba...
Esse encontro inesquecível me fez perceber
Que do OUTRO LADO
Em algum lugar
Onde não precisamos de bens materiais
Existe um lugar de paz
Obrigada pai por este encontro.. 



terça-feira, 15 de agosto de 2023

Alberi Fagundes de Oliveira


Sobre a família de Alberi Fagundes de Oliveira só tenho essa foto no momento. è o sr. à esquerda.
Foi o primeiro prefeito de Ciríaco em 1965, após a emancipação








 

domingo, 13 de agosto de 2023

CORNÉLIO SEGANFREDO E FAMÍLIA

 Escreve  Ana  Maria  Seganfredo:











4-CORNÉLIO SEGANFREDO

-Filho de Pellegrino e Catterina Seganfredo

-Nasceu em 13 de setembro de  1915 em Nova Bassano, na linha  décima, comunidade chamada de São Paulo.

-Casou-se oficialmente  com Luiza   Ferri em 11 de julho de 1942  em  Ciríaco,  RS ,porém o casamento  religioso foi celebrado antes em 11 de novembro de 1941, na Igreja de São José em David Canabarro, naquela época chamado de Sede 35. Isto acontecia porque os cartórios se localizavam  longe da colônia, em Ametista, pertencente a Passo Fundo, como também Ciríaco pertenceu a Passo Fundo até o ano de  1965, quando houve a emancipação.

Ela filha  de Celeste Giovanni Ferri e Pierina  Cecchin Ferri , imigrantes italianos que chegaram com suas famílias da Itália com 12 e 9 anos respectivamente.

-Faleceu   em 3 de abril de 2002 com 86 anos de idade.

-Luiza faleceu em 25 de outubro de 1992 com 73 anos de idade.


    Sétimo filho de Catterina e Pellegrino ,  uma familia de  11 irmãos  nasceu em Nova Bassano onde viveu até se transferir para Ciríaco em 1940 para preparar a terra  e a casa onde pretendia viver com Luiza Ferri.    Quando se transferiu para Ciríaco tinha 25 anos de idade.

   Nascido em Nova Bassano  e sendo a família numerosa trataram logo de providenciar o futuro pois passados 48 anos da chegada dos primeiros imigrantes italianos, dentre os quais seus avós Giuseppe e Carlo Seganfredo, as terras já estavam exauridas e eram poucas para muitas pessoas.

   As cidades da serra gaúcha iam crescendo, as casas eram feitas quase que exclusivamente de madeira e as famílias de Guilherme  Licks e de Carlos e Jacob Ely possuidoras de enormes pinheirais contratavam trabalhadores para fazer as derrubadas e preparar as toras para depois encaminhá-las para beneficiamento nas serrarias.

    Foi ali que Cornélio com apenas 16 anos de idade começou a trabalhar juntamente  com seus irmãos   para ganhar dinheiro suficiente para adquirir terras  em outros lugares onde estavam abrindo novas  áreas de colonização   no  do Rio Grande do Sul.

  Em 1938 já adquiriu uma colônia de terra agricultável em Ciríaco. Também adquiriram terras  seus irmãos José e Acchiles. Terras altas e contínuas, com boas nascentes, sem morros pedregosos como eram as de Nova Bassano, porém era mata fechada, precisando desmatar para depois plantar. Recomeçava o ciclo : derrubar o mato, preparar a terra, plantar, colher, trabalho braçal. A localização da colônia está descrita na escritura como:  “na fazenda dos Ribeiros” pois esta família de luso brasileiros que eram    criadores (de gado)  tinham este  sobrenome  e haviam colocado á venda as terras de mata cujo título de posse obtiveram do governo republicano em 1906.

  Embora a distância de Nova Bassano não fosse muita, cerca de 85 km, as estradas eram precárias e não havia transporte de passageiros com ônibus, as pessoas se deslocavam a cavalo ou com carros de bois e carroças.

     A família de Luiza Ferri havia migrado  de Nova Bassano para Ciríaco no início do povoamento . Os pais dela Celeste Ferri e Pierina  Cecchin  eram imigrantes italianos chegados ao Rio Grande do Sul  com a idade de 12 e 9 anos respectivamente. Inicialmente moravam em Veranópolis onde se conheceram e casaram. Moraram ali por um tempo e depois migraram para Nova Bassano de onde partiram já com os 14 filhos para se estabelecer na colônia em Ciríaco, fazendo parte dos primeiros povoadores deste lugar.

   Quando migraram de Nova Bassano deixaram as filhas maiores , as gêmeas Cezira e Angela Maria, a Angelina  já casadas   e mais Elvira casada com o  irmão mais velho de Cornélio  , José, em Nova Bassano.  As famílias ficaram  sem se ver por anos, até que em 1934 Luiza  completou 15 anos de idade e um dos irmãos Antonio Ferri resolveu levar as duas irmãs mais jovens , Luiza e a caçula Argene para visitar as irmãs. Chegando  na linha décima permaneceram por ali alguns dias, pois se utilizaram de cavalos para ir até lá.  Foi ali passando para visitar as famílias aparentadas que Luiza conheceu Cornélio , rapaz com 19 anos. Luiza viu o rapaz e começaram uma conversa tímida. Ele estava comendo uma fruta, marmelo, e Luiza observou: “- estás comendo?Cornélio: ‘quer?  e ali se apaixonaram . Retornando a Ciríaco Luiza recusou todos os pretendentes, dizendo : “-O meu está lá”- se  referindo a  Cornélio em  Nova Bassano.

E assim ela ficou esperando Cornélio se organizar até a data do casamento.


CORNÉLIO PRESTA O SERVIÇO MILITAR.

      Em 1938 com 23 anos de idade  Cornélio Seganfredo  foi  chamado  para prestar o serviço militar  em São Gabriel , município  situado na campanha  do Rio Grande do Sul, próximo da fronteira com o Uruguai, onde o exército brasileiro mantém quartéis para proteger as fronteiras  . Neste  tempo  o  presidente do Brasil era Getúlio Dornelles Vargas, gaúcho, que governou por 15 anos seguidos no primeiro período e , além do mais se aproximava a segunda guerra mundial e as forças armadas brasileiras começaram a convocar os descendentes de imigrantes, para incorporá-los à Pátria brasileira, pois os mesmos  conviviam  praticamente  ainda entre si, pouco se misturando as  outras etnias ,  quase formando uma comunidade à parte. 

   Com Cornélio  também estavam diversos compatriotas e praticamente não falavam português, falavam o Talian, e no entanto estavam proibidos de falar este  dialeto. Cornélio contava que os comandantes eram muito rígidos e eles, os ítalo-brasileiros que nunca haviam saído das colônias eram intimidados, tanto que na revista às tropas feito pelos comandantes  o medo fazia com que lhe escorressem lágrimas doas olhos, porém tinham que se manter firmes. 

   No entanto  com os países vizinhos reinava um período de paz,  embora tivessem de patrulhar as fronteiras a cavalo.

  • Cornélio e seus compatriotas em poucos dias encontraram um jeito de comunicar-se entre si e se mantinham unidos, longe das vistas dos comandantes. Contou que de tempos em tempos saiam com a cavalaria e percorriam longas distâncias, patrulhando as fronteiras, acampando nas fazendas. Nas noites frias de inverno combinaram que um deles ao invés de encher o cantil de água o encheria de cachaça, depois ao longo das cavalgadas que duravam dias nas noites de frio no pampa gaúcho o tal cantil era passado sutilmente de mão em mão e assim se aqueciam. O bom da história é que nunca foram descobertos pelos comandantes , que, se descobertos  poderia lhes valer uns bons dias de cadeia!

  A baixa do serviço militar se deu em 29 de abril de 1939 e retornou a Nova Bassano, onde permaneceu até 1940 quando se mudou para Ciríaco. Contava que ao vir para Ciríaco possuía somente a terra que havia comprado, vizinho ao seu irmão José ( Bepi) e um cavalo. Em Nova Bassano já não havia expectativas para ele, decidiu imediatamente o rumo que iria tomar: ao encontro de sua amada Luiza!

  Precisando de algum  dinheiro para começar a vida tomou emprestado  do seu avô Carlo. Rumou para Ciríaco onde foi acolhido por seu irmão José e a cunhada Elvira Ferri que o ajudaram junto com os filhos mais velhos a derrubar uma parte do mato e fazer a primeira plantação. Colheu tanto milho que pode devolver ao avô Carlo já na primeira colheita o  dinheiro que este lhe havia emprestado.

    Na terra que havia comprado já tinha uma casa em madeira, sem pintura, coberta de taboinhas, que os filhos a denominavam de ‘a casa velha”, porém era habitável, tinha uma nascente pertinho, a água era sempre fundamental perto da casa. Depois de alguns anos construíram com madeira de pinho uma casa nova que é habitada até o tempo presente.

    Depois do casamento Cornélio e Luiza foram morar nesta” casa velha”  onde nasceram todos os sete filhos: Aidir(o Martin), Ely, Alvanir, Lorena , Ana Maria e Ary José, gêmeos  e Elbio, o caçula. Também criaram uma menina luso brasileira Ivalda Teresinha, que chegou à familia com a idade de 9 anos.

   No entanto com a eclosão  da segunda guerra mundial  estabeleceu-se entre os luso brasileiros e os descendentes de imigrantes e imigrantes italianos  em Ciríaco  um clima de desconfiança Os lusos brasileiros começaram  a vigiar as casas  disfarçadamente para ouvir se a proibição de falar o Talian estava sendo cumprida. Houve até algumas prisões e alguns dos imigrantes foram trazidos a Passo Fundo para prestar depoimento.  Outro episódio  que deixou Luiza apreensiva foi a convocação para que Cornélio Seganfredo se apresentasse em Passo Fundo, perante o representante das forças armadas.  Poderia acontecer que ele fosse enviado ao Rio de Janeiro para treinamento e depois para combater na Itália. Combater aqueles que considerava “da sua gente”. Felizmente voltou para casa e em poucos meses a guerra terminou.   A vida foi seguindo.

     Gostava de caçar e de pescar, pois se criara perto do rio Carreiro em Nova Bassano. Em Ciríaco não existem grandes rios, mas o bom e belo São Domingos nos dava muito peixe, nos criamos comendo peixe de rio! Luiza tinha medo , pois muitas vezes ele ia sozinho, não raras vezes ela quebrava as varas de pescar! Ficava entre o trágico e o cômico esta atitude, mas isto demostrava o afeto que ela devotava a Cornélio.

    Jogava mora e bochas, e quando recém casado participava do time de futebol da vila.        Nas festas de Igreja  antes de  ser construído um salão paroquial ajudava com três dias de antecedência preparar a festa da padroeira Santa Teresinha.  Faziam tudo aos moldes dos primórdios de Nova Bassano: para abrigar os fiéis no dia da  Padroeira  nos quentes dias de outubro   faziam uma cobertura com taquaras.  Ao longo do dia , depois da missa cantavam, jogavam bocha, baralho, mora....ajudava também a assar o churrasco.      


TRANSCURSO DA VIDA FAMILIAR

   A característica principal era o acolhimento e a solidariedade que aprenderam convivendo nas colônias onde havia o mútuo socorro. Era uma necessidade de sobrevivência.

   Acolheu os sogros já idosos que permaneceram com eles  até a morte. Depois acolheu sua mãe, a Catterina. Catterina e Pellegrino e todos os filhos migraram de Nova Bassano para outras regiões do Rio Grande do Sul, outros para Santa Catarina e Paraná, nenhum permaneceu em Nova Bassano.

 Quando enviuvou Catterina manifestou o desejo de sair da casa do filho Hermenegildo que migrara para a região norte do Rio Grande do Sul, um lugar chamado São João da Urtiga, pertencente a Sananduva, e foi também acolhida ficando com o filho e a familia 

até  o falecimento em 1965.

    Recebiam visitas de sobrinhos e parentes que vinham visitá-los de outros Estados e cidades. Nos finais de semana a casa estava sempre cheia  de parentes tanto da parte dos Seganfredo quanto dos Ferri.


Vem-me à memória o grande parreiral que plantaram . quando a uva amadurecia os habitantes do campo, geralmente luso brasileiros que eram criadores apareciam montando lindos cavalos. Vinham comer uva, que era oferecida à vontade e também beber vinho, contavam causos. Cornélio recebia os visitantes, se eram homens, se eram mulheres Luiza as recebia e ali ficavam praticamente uma tarde em companhia.

    A época da vindima era de festa. Reuniam-se as famílias aparentadas, a de José Seganfredo, Ermelindo Alievi, casado com Gema Seganfredo, filha de José, a familia de Acchiles e começavam parreiral por parreiral , colhiam a uva, fabricavam ao mesmo tempo o vinho com métodos artesanais,  que depois  era  armazenado em três grande pipas de madeira de cedro. Durava mais de um ano.  Era o mês de festa e visitas , fazer filó e tomar vinho doce. Como as casas tinham uma distância mais ou menos de um km, à noite acendia-se uma tocha de fogo que ia iluminando o caminho de ida e  volta.

Para as crianças era um mês de aventuras.

  Cornélio e  Luiza e o primeiro filho Aidir, conhecido pelo apelido de  Martin, participaram ativamente da construção da Igreja, do Hospital Santa Terezinha na então  vila de Ciríaco, junto com os outros moradores . Naquele tempo ninguém esperava o governo fazer as construções. Nomeavam uma diretoria e sob o comando de algum prático no assunto faziam os mutirões até que a “obra ‘ ficasse pronta e atendesse as necessidades da comunidade.    



DESTINO DOS FILHOS DE CORNÉLIO E LUIZA


  A vida na colônia era dura e o casal  decidiu que os filhos e filhas poderiam escolher entre permanecer  na colônia ou ir para as cidades estudar e trabalhar. Todas as filhas mulheres foram, umas para cidades vizinhas onde as congregações religiosas geriam  hospitais, se empregavam neles  e ao mesmo tempo que trabalhavam , estudavam , e assim se formaram  Ely e Alvanir  professoras, Lorena  economiária (Lorena esteve até os 20 anos com as irmãs Paulinas em Porto Alegre). Ary José estudou dois anos em um colégio agrícola em Erechim , com 18 anos foi prestar serviço  militar e resolveu se inscrever para permanecer nas forças armadas, obtendo êxito, ficou  um ano e cinco meses no Rio de Janeiro até formar-se Sargento do Exército, voltou para o Rio Grande do Sul,  e depois durante a carreira militar esteve em diversas regiões do Brasil, em Roraima e Manaus, no norte, no Espírito Santo, sudeste e retornou ao Rio Grande do Sul, onde encerrou a carreira como oficial,  estando agora na reserva.

Ana Maria foi para  Passo Fundo, onde se formou em Ciências  na Universidade de Passo Fundo, porém optou pela carreira de comerciária. 

Aidir e Elbio resolveram permanecer  na colônia.  Enfim , agradecemos nosso pai e nossa mãe por terem sido tão democráticos  conosco, deixando que escolhêssemos

nosso caminho, sendo que havia tanto trabalho para fazer na colônia. A partir de 1970 houve a mecanização da lavoura e tudo se tornou mais fácil.

  Todos os filhos enquanto estiveram morando na colônia faziam todos os serviços rotineiros : arar a terra, plantar,colher, tirar leite das vacas, fazer queijo, assar  pães em fornos de barro, cozinhar.

  Os filhos que moravam nas cidades nunca deixaram de passar as férias com os pais, inclusive a filha Ely Cericato que migrara para  Matelândia,   Paraná,  todos os anos vinha com o marido Arlindo, e os filhos passar uma temporada na casa dos pais. 

 Como Luiza faleceu 10 anos antes de  Cornélio, este se sentiu triste,a companhia dela fazia falta, embora os filhos o rodeassem com carinhos.

    O coração enfraqueceu e em 2002 veio a falecer.  Parada respiratória,  atestou o médico.  Enfim foi se encontrar com Luiza em outra dimensão.

    Muito  depois de sua  morte, mais precisamente no ano de 2014 os filhos foram surpreendidos por uma notícia de  que havia uma quantia em dinheiro no Banrisul (Banco) em nome dele!

Esta quantia deveria ser repartida dentre os descendentes! Ficaram todos espantados, ninguém sabia desta conta. Lembrei-me então que pouco antes de sua morte estando eu em casa sozinha com ele falou: gostaria que depois que eu me fosse pudesse dar um tanto...a cada um! Falava com emoção.  Pensei: meu pai está falando de um desejo seu! Só depois percebemos que, por um bom tempo ele economizara este dinheiro para que os filhos pudessem desfrutá-lo depois que ele partiu! Generosidade da parte dele,  velhinho , ainda pensando nos filhos!

  Só temos a agradecer a ele, mesmo nos momentos mais difíceis de nossas  vidas nos encorajava. “è preciso ser forte”!.

Aqui termina o relato deste descendente de imigrantes , que viveu sempre trabalhando, participando da comunidade e, sobretudo acompanhando as noticias do país, fazendo observações. Lia muito. Herança dos Seganfredo!


ESCARAMUÇAS NOS PRIMEIROS TEMPOS ENTRE MIGRANTES ITALIANOS E LUSO BRASILEIROS EM CIRÍACO

  Meu pai Cornélio Seganfredo, jovem. Coisas do pai Cornélio Seganfredo Foi assim: Hoje fui até Ciriaco e me informaram que havia falecid...