quarta-feira, 30 de outubro de 2024
ESCRITURA DA COLÔNIA BOM RETIRO
Durante minhas pesquisas sobre as terras que originaram a agora cidade de Ciríaco encontrei essa escritura que remonta `a época do Império onde um descendente de germânicos recebeu como posse essa gleba entorno de 100 coônias que posteriormente foram repassadas a um grupo de descendentes de germânicos que mandaram medir pelo conhecido agrimensor Maximilian Bescharen e loteadas passaram a ser vendidas à famílias descendentes de imigrantes moradores da antiga Colônia Alfredo Chaves, pois lá já faltava terra de plantio.
No meio desta gleba havia já diversos moradores luso brasileiros , portanto não podemos afirmar que era uma área despovoada.
Outros proprietários que também mandaram lotear e venderam terras das quais tinham títulos de posse estão os nomes de Joaquim Ribeiro de Oliveira, terras de mato e Libório Pimentel.
Quanto a gleba conhecida como Fazenda Bom Retiro prova que o morador Ciriaco , que deu nome à cidade não era proprietário de terras, conforme afirmação de descendentes de diversos moradores, andava por lá como um fugiitivo, talvez por estar se escondendo de algum desafeto e ali morreu sendo sepultado em cova rasa perto do lugar onde está o Colégio Dom Antonio Macedo Costa
sexta-feira, 11 de outubro de 2024
MINHA IRMÃ ELY SEGANFREDO CERICATO
Quando eu era criança ainda, menina de 11 anos eu dormia no quarto com minha irmã Ely porque eu tinha medo do escuro
Minha irmã Ely cuidava de mim e do meu irmão gêmeo Ary quando éramos pequenos, bebês....
MInha mãe disse a ela: me ajudas a cuidar dos gêmeos que depois quando tiveres treze anos-penso- eu vou deixar você ir no colégio das freiras....
No caso " ir ao colégio das freiras tinha um significado especial, pois queria dizer sair da roça, da agricultura rudimentar e ficar um tempo com as freiras e estudar.
E assim foi.
Eu lembro só isso, porém quando Ely tinha 17 anos voltou a Ciríaco e também a morar com a família, pois se assim não fosse ela teria que se tornar freira,
Ela voltou, fez um concurso para lecionar, Ciríaco pertencia a Passo Fundo.
Ela lecionava na comunidade de Santa Catarina, uns 6 km de casa-talvez mais... eu ia junto com ela ás vezes
Para chegar em Santa Catarina tinhamos que atravessar o rio São Domingos passando sobre uma ponte suspensa, que era sustentada por dois cabos de aço, táboas na passarela e um fiozinho de arame para a gente se segurar...perigo...
Quando fazia enchente o rio subia e batia práticamente nas táboas.
Nós iamos com Ely até ela atravessar a pinguela para ter certeza que estaria segura.
Pois bem.
De uns anos começõu a namorar o agora meu cunhado Arlindo Cericato, era bem jovem quando casou, 23 anos.
Aí resolveram migrar para o Paraná, Matelândia, no Bananal, onde o sogro dela havia comprado alguns lotes de terra para os filhos.
Fiquei eu então só com minha mãe, e tinha medo de noite porque era escuro, não tinha mais companheira de quarto e eu tinha um medo.. de fantasmas
Minha mãe costumava contar que no dia de Todos os Santos, dia primeiro de novembro, que antecedia o dia dos finados, os familiares que já tinham passado para a vida eterna tinham licença para visitar os familiares.
Não sei de onde tiraram isso mas um dia falaram assim-" ouvimos um arrastar de passos na sala essa noite"! No caso quem arrastava os pés era meu avô Celeste, já falecido.
E também minha mãe havia visto na estalagem das vacas uma fumaça subindo, pois ali tinham acampado anos passados uns trabalhadores que vieram derrubar uns pinheiros-aquele tempo podia- e uma mulher que era cozinheira deles, a Julia, de Lagoa Vermelha fazia a comida no fogo de chão e era doente, podia ter morrido depois que sairam dali..
Fazia parte das lendas pessoais da minha família, penso agora, mas eu era criança e tinha um medo incrível de almas do outro Mundo...
No final acabei me acostumando e também éramos uma família grande, nada de mal iria de acontecer.
Um certo dia fui ao correio, na cidade de Ciríaco e lá estava uma carta- não tínha nem internet nem telefone- e abri a carta e dei de cara com a noticia que tinham nascido sobrinhos gêmeos, Roberto e Rosana... e tinha uma foto dos dois bebês, gordinhos e já sentadinhos...
Eu fui a primeira a ver a foto dos meus sobrinhos, que posteriormente ano após ano alguém da família ia buscá-los para passar as férias lá com os avós...
Depois incluiram a Silvana que nasceu de sete meses, e é um outro amor que temos....
Esta semana dia nove-9- os gêmeos estarão de aniversário.
Eles conquistaram muitas coisas boas em suas vidas, casaram ,tiveram filhos, que são também maravilhosos...
Assim, minha irmã querida, meu corbeto, te perdôo por teres me deixado sózinha em Ciríaco, com mãe pai e irmãos.
Te amo muito e junto com todos desejamos muitos anos de vida e conquista para ti , tua família e os dois sobrinhos...
segunda-feira, 7 de outubro de 2024
O COLAR DE PÉROLAS
O Colar de Pérolas
Eu e minha tia Marieta
Minha tia Marieta era uma pessoa muito estimada aqui em Passo Fundo. Por ser parteira oficial do Hospital São Vicente de Paulo tinha muitos afilhados. Por 30 anos praticamente os nascidos entre os anos 50 e 70 passaram por ela.
Quando eu era criança a visita anual dela era uma festa. Andávamos de casa em casa com ela, sempre muito elegante.
Era importante para todas as famílias descendentes de Pellegrino e Catterina Seganfredo, imigrantes italianos.
Ela trazia para nós bombons e doces diversos.
Mais tarde vim morar em Passo Fundo para estudar e então passei a visitá-la e também a acompanhei em viagens de visita pelo Paraná e Santa Catarina onde diversos irmãos e irmãs dela tios e tias meus haviam migrado ao longo dos anos.
Cuidando crianças das outras mulheres não teve os seus.
Mas amava crianças e todos os anos me dava pilhas de roupas tricotadas e mantinhas para eu distribuir juntamente com meus colegas para crianças assistidas pela Pastoral da Criança, da qual fui voluntária por diversos anos.
Nos dávamos muito bem, eu, orgulhosamente me denomivana "Madre Teresa", mas ela dizia " tu de Madre Teresa não tem nada"
Eu ria muito e de fato , ser Madre Teresa não é para qualquer um.
Um belo dia ela me deu um presente....eu não dei muita importância, guardei por anos e pouco usava.
Em 2009 minha tia, cujo nome verdadeiro era Itália Libera Seganfredo, adoeceu e morreu. Tinha 88 anos.
Ainda em vida pediu que queria ser sepultada no mesmo túmulo onde estava sua mãe , a nonna Catterina.
Assim foi feito.
Na hora da despedida lá em Ciríaco uma sra chamada Emília levantou e falou que quando ela esteve com uma criança internada com leucemia em Passo Fundo, no HSVP foi ajudada financeira e emocionalmente também por ela, fato que nós desconhecíamos.
Ficamos tristes, mas a morte é a única coisa certa nesta vida.
Eu lembro dela quase todo dia.
Estes dias peguei o colar.
Minha irmã Lorena o levou em uma joalheria para avaliar.
Pérolas japonesas.
Amo este colar.
Por minha vez presenteei minha irmã Lorena com ele.
Obrigada minha tia, teu exemplo ficará sempre comigo.Além de tudo, além da vida e da morte.
Te amarei para sempre.
Moral da história: quando você dá um presente , que seja este o teu coração.
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