Uma vida, Uma história
De nossas histórias de vida pessoais eu gosto muito de lembrar do papel de meus tios em minha vida.
Morávamos em Ciríaco e como era uma colonização nova- a parte dos matos- meu pai e meus tios compraram seus lotes relativamente perto uns dos outros.
Todos eram agricultores, cultivavam vinhas e também todos plantavam figueiras e laranjeiras, limoeiros e bergamoteiras.
Um lugar especial era a colonia de meus tios Ermelinda e Achylles, ele irmão de meu pai e ela irmã de outros tios meus de sobrenome Dalla Costa,
A morada deles ficava em um lugar alto, lá de casa dava para avistar, mas uns quatro kilometros de distância e para ir lá sem passar pela estrada geral havia uma trilha no meio das roças, um tanto de mato , descíamos e subiamos, as vezes nos agarrávamos nos galhos das capoeiras para facilitar as subidas, mas o que compensava era a chegada até a casa deles.
Eles eram acolhedores, minha tia sabia fazer delícias como marmelada de caixinha, meu tio fazia limonada, tinha grandes fiigueiras, laranjeiras protegidas por um tanto de mato para proteger das geadas.
Depois de ficarmos conversando e rindo umas horas a tia Ermelinda nos levava para olhar a horta.
Mostrava plantinha por plantinha, dizia o que era e se não tivessemos em casa ela dava uma mudinha.
Quando ela ia na nossa casa também pedia para ver a horta e olhava tudo, caso tivessemos alguma planta que ela não tinha pedia uma mudinha.
Coisas tão simples e tão agradáveis.
Nós amavámos esses tios, eles tinham uma característica especial. Minha tia jamais teceu qualquer comentário acerca dos sobrinhos, mesmo se as vezes muitos de nós fizessemos alguma traquinagem.
Assim foi por muitos anos, amizade estreita com eles e com os primos.
Depois que meu tio faleceu precocemente , depois de um tempo venderam a propriedade e minha tia com o filho Igino mudou-se primeiro para o Paraná, depois para o Mato Grosso.
Mas nos vimos ainda algumas vezes, as coisas simples a faziam feliz.
Tinhamos outro tio pertinho, José e Elvira.
Tio José era padrinho do Ary e todos os anos antes da época da vindima ele chegava e dava um mini cesto de vime para mim e outro para o Ary.
A Elvira criou uma grande família e era também muito próxima de minha mãe. Como ela era uma das maiores irmãs de minha mãe fazia um pouco o papel de conselheira.
Escrevi esse trechinho para não esquecer como eram as famílias aparentadas nas colonias. Uma servia de esteio para a outra.
Hoje meus pais e tios todos foram morar no céu, eu penso que lá eles continuam se encontrando e rindo, contando histórias.
Eu vivo aqui ainda, na Terra, sofrendo as agruras do tempo presente.
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